UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL
É difícil enxergar uma luz no fim do túnel diante da situação caótica em que vivemos. Não se escuta ou se lê uma mensagem de progresso, de sucesso ou algo que nos traga paz e felicidade.
As manchetes de jornais, revistas, televisão todas noticiam: desemprego, aumento de gasolina, salários congelados, dólar aumentando, taxas de energia cada vez mais elevadas, categorias entrando em greve, outras retornando ao trabalho sem entusiasmo e sem nenhuma vantagem conquistada depois de tanta luta.
Lendo a matéria da escritora gaúcha Lya Luft intitulada: “As coisas começam a andar” (Revista Veja 30 de setembro), entendi que a autora visualizava uma luz no fim do túnel fundamentando seu pensamento na justiça que aponta, acusa e condena figurões. Comentei a referida matéria, que foi publicada na edição seguinte da Revista, seção cartas (07 de outubro de 2015) e fui bastante questionada por comungar com o pensamento da autora. Onde está mesmo essa luz?
Para os pessimistas, o túnel continua na mais pura escuridão. Nenhuma esperança por dias melhores. O pessimista é uma pessoa amarga, que não enxerga o lado bom da vida mesmo quando tudo está perfeito. Outros são otimistas em excesso e acreditam que um milagre em curto prazo vai acontecer e o Brasil retomará sua estabilidade econômica já. Eu prefiro ficar com Ariano Suasuna que diz:
“O otimista é um tolo, o pessimista é um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.
O que é mesmo ser um otimista esperançoso? É aquela pessoa que não é exageradamente negativa e nem uma criatura ingênua. O otimista esperançoso adota o meio termo. Enxerga tudo racionalmente sem apelar para os extremos.
Eu gostaria de ser ingenuamente otimista para escrever aqui agora açúcar e mel, mas estaria na contra mão porque nada pode estar doce num momento como este. Também não vou ser exageradamente pessimista, apesar de ser por vezes tentada a chegar ao extremo.
Esforço-me para ser otimista esperançosa e chego a ver uma luz. Acredito em mudanças e que nosso país com uma administração ética, competente e responsável possa dar a volta por cima. Essa luz que eu vejo são as pessoas nas ruas protestando e a justiça punindo culpados intocáveis, são as pessoas aprendendo com os erros e com a crise. É a certeza que o eleitor amadureceu.
“O Brasil não será uma nação rica sem que seus escassos recursos sejam bem aplicados à educação”, explica o economista Mailson da Nóbrega. O professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas e economista Samy Dana aposta nas melhoras para o Brasil somente em 2017 e compara o Brasil como um paciente obeso que em 2015 recusou a fazer a dieta. E explica: “Se começar em 2016, não significa que a saúde estará restabelecida no ano seguinte, mas vai mostrar disposição, o que vai ajudar a reconquistar a confiança dos empresários e dos consumidores”. Para o professor do departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP André Singer, o Brasil precisa mudar de rumo.
Como uma otimista esperançosa fico com a crença e descrença de Augusto dos Anjos
A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença,
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.
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