ENCHENTE - DOIS ELEFANTES E UM BURACO DE AGULHA



Nesses momentos de enchente aqui em Rio do Sul, Sc, fico escutando os especialistas no assunto, principalmente as autoridades constituídas e em especial as envolvidas com a defesa civil da região. Secretários, prefeitos, etc.

Vejo a cidade cheia, as águas subindo, subindo, o desespero, o ambiente catastrófico, depois as águas praticamente paradas e após começando a baixar muito lentamente. Mas “muuuuuiiiito” lentamente.

Vejo meia cidade transformada em lagos aqui e acolá. Vejo toda estrutura do município e até do estado em pavorosa. As rádios, jornais, televisão, todos pensando e discursando soluções futuras. Mais barragens, mais contenções, mais providências, falta de dinheiro, má distribuição dos tributos, etc.

Vejo culpas sendo lançadas a quem está ausente, por vezes longe. Assisto estatísticas, comparações, previsões, medos e até urubus que sobrevoam sobre o futuro, cheirando as verbas que virão e já programando seu quinhão.

Olho o mapa do município de Rio do Sul. Observo o traçado da BR-470 que ladeia a cidade. E no mapa aquelas linhas azuis, que representam o Rio Itajaí do Sul, o Itajaí do Oeste. Logo à frente o nascer do Itajaí-Açu. Entrem lá no tio Google, vejam o mapa, prestem atenção a “cobrinha” azul. Linda. Cheia de curvas. Linda

Meus olhos seguem o traçado azul que representa o Rio que nos assola. Vejo suas curvas... quantas curvas, algumas extremamente sinuosas, fazendo voltas e voltas. Fosse uma mulher, diria que é perfeita, pois, mulher, quanto mais curvas mais perfeita. Rio não.

Imagino as águas querendo descer esse rio e suponho sua agonia, a dificuldade para fazer tantas curvas e voltas, para descer para o vale. Claro que tantas curvas obrigam a uma lentidão que certamente as fazem tontas e geram ainda mais agonia para a população.

Sou totalmente leigo nessas questões geográficas, topográficas, contenção, prevenção, etc., mas meu sentido lógico, puramente matemático, fica me cutucando, apontando as tantas curvas do Rio Itajaí-Açu. Essa minha total ignorância para com as questões técnicas sobre o assunto, não pode ser mais forte, não pode se sobrepor ao meu sentido lógico, dizendo-me, mostrando-me, no mapa, que se esse rio fosse mais reto, mais largo, teria maior e mais rápida vazão das águas que aqui chegam e se acumulam.

E para chegar a tal conclusão, nem precisa que venham especialistas do mundo para fazer mirabolantes projetos. Pergunte a um adolescente qualquer, que já tenha aprendido um pouquinho de matemática, sobre qual a menor distância entre dois pontos e qualquer um deles responderá de pronto que é uma reta.

Quem lembra ou já se leu sobre as grandes enchentes de Tubarão, culminando com a do início dos anos 70 que praticamente destruíram a cidade e a região, sabe também como foi resolvido. Simplesmente, depois de décadas de sofrimento, o Rio Tubarão foi corrigido. Reto e largo. Acabou-se o flagelo.

Repetindo... Não sou especialista no assunto, mas sei como se encurta a distância entre dois pontos e sei que um elefante não passa no buraco de uma agulha.

É... aquelas tortas e sinuosas linhas azuis do mapa de Rio do Sul sempre me intrigam. A natureza é sabia, mas também precisa de uma mãozinha, vezes em quando.


 
Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 23/10/2015
Reeditado em 26/10/2015
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