Ping e Pong
 
Ultimamente Ping anda pensativo... É comum vê-lo coçar a barba grisalha, os olhos úmidos avermelhados, cabeça baixa. É assim, até mesmo durante às matinais pedaladas. Pong, ao contrário, que já pedalou muito, continua arrogante, soberba, "topetuda" e aparentemente despreocupada. Pedalada aqui, pedalada ali... De repente, Ping confessa-lha: olha, Pong! Juro-lhe, dentro do mais íntimo momento de mim, ando bastante preocupado! E ela, como sempre, sem nada saber, pergunta:
 
- o que está "rolando"?
- Ping - acho que o "bicho pega" desta vez!
- Pong - eu já acho que não, "Pinga".
- Ping - "Pinga" não, Ping. Por que você sempre erra meu nome?
- Pong - bem, é que... Ah! deixa prá lá, desculpe-me!
- Ping - tá bom, mas por que você acha que não dá nada outra vez?
- Pong - porque temos a sua turma para "segurar n-o-v-a-m-e-n-t-e"!
- Ping - certo, mas, creio que eles já "seguraram" demais.
- Pong - aliás, como funciona mesmo essa sua Seita?
- Ping - não é Seita, é Irmandade
- Pong - qual é a diferença?
- Ping - Seita doutrina, Irmandade orienta.
- Pong - e eles nunca lhe orientaram para que pudesse ter me orientado?
- Ping - sim, mas esqueci tudo. Além disso, de nada adiantaria... Você é muito teimosa!
- Pong - vi - em várias ocasiões - você cumprimentar com aquele sinal esquisito o Cunha, o Temer, o Aécio, alguns Ministros do Supremo, o Janot, o Álvaro dias, o Mercadante e até o Obama!
- Ping - Ah! Mas, apertei seus pulsos com os dois dedos errados, ou melhor, com um só.
- Pong - como assim?
- Ping - Poxa, Pong! Tá me gozando?
- Pong - não, não... desculpe-me, "Pinga"!
- Ping - "Pinga" não, Piiiinggg!
- Pong - Ta bom, tá bom... Mas, voltando à pergunta será que eles "seguram a peteca" de novo?
- Ping - O problema é que também estão "segurando a (peteca) do Cunha". É muito peso, até mesmo prá eles, não acha?
- Pong - (pensando um pouco) sim... É muito peso mesmo!
- Ping - claro!.
- Pong - bem, vamos esquecer isso agora e continuar pedalando...

 
Os dois pararam um pouco, firmaram um pé no chão, entreolharam-se sérios, testas franzidas e murmuraram em uníssono: - que tempos "Bicudos", hein?

E, seguiram pedalando vagarosamente, toc - toc... toc - toc... Até desaparecerem no horizonte...
Luiz Carlos Gomes
Enviado por Luiz Carlos Gomes em 23/10/2015
Reeditado em 21/04/2016
Código do texto: T5424559
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