Striptease

Não me lembro se foi o padre Vieira quem dissde que o melhor retrato de alguém é aquilo que ele escreve. É uma verdade abissal.

Acho, hermanos, que quem escreve se desnuda, faz streaptease (parece que tiraram o hífen, foi um strip), revela-se por completo. Pode ser em prosa ou poesia, num texto analisando um assunto, numa crônica amena ou na pura ficção. Quem escreve expões publicamente a sua personalidade, caráter, idéias, idiossincrasias e virtudes e defeitos. Tudinho. Juro.

Não é preciso ser analista para analisar quem escreve, basta ler com atenção os seus textos. Detalhe: é possível até detectar os que apenas imitam, copiam, colam, estes são ainda mais fácil de detectar. É mais difícil em relação aos que possuem um estilo, os mais criativos e mais talentosos.

Vejam bem, quando você lê os romances de Jorge Amado você sabe dos seus gostos, opiniões, sonhos, idéias, visão do mundo. O mesmo em relação a Graciliano Ramos, este é muito mais fácil traçar o seu perfil, é transparente paca. O mesmo acontece com José Lins do Rêgo, em todos os seus romances está láo menino de engenho de fogo morto, ele romanceou o que viveu.

O mesmo acontece com o pessoal do Recanto. Depois de algum tempo é possível conhecer o jeito de ser de todos. O striptease é completo. Mesmo dos que não botam o retratinho ou botam um de quando eram mais novos, meu caso. Todos que escrevemos aqui fazemos um strip.

Isso é ruim? Isso é bom? Cada cabeça é um mundo, mas acho que quem sai na chuva sabe que vai se molhar, mesmo usando o guarda-chuva dos truques literários. Você é o que você escreve. E priu.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 23/10/2015
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