A CARTA
Fui envolvida por grande surpresa ao encontrar na caixa de cartas uma carta. Sim, era uma carta de verdade, com envelope tradicional, selo dos Correios, carimbo, com meu nome e endereço escritos a mão, tinta azul e tudo. Quando a peguei, mal podia acreditar, porque há muito esse objeto entrou em extinção. Mas esse era real, estava ali, um raro exemplar em minhas mãos! Busquei o remetente. Sim, havia remetente e vinha de longe... De uma pessoa muito querida de quem há muito eu não tinha notícias. Fiz uma viagem ao passado. Quantas lembranças! Respirei fundo, absorvendo o perfume da saudade. Como um médico cirurgião que traça uma linha imaginária antes de começar a incisão, meus dedos em pinça iniciaram a delicada operação de abertura do envelope. Dentro, duas folhas de caderno escritas a mão, com tinta azul, diziam: “Resolvi escrever esta carta ‘à mão’, arriscando-me a cometer erros de português...”. Letra legível, bem delineada, um pouco inclinada para a direita e, em português impecável, bordava o papel. Grandes e boas notícias colocaram largos sorrisos de felicidade em mim e acenderam estrelas no meu olhar. Terminada a leitura, apertei a carta contra o peito e busquei na memória a última recebida. Não me lembrava.
As cartas envelheceram. Muitas morreram por não suportarem a modernidade... Restam poucas! A caixa de “cartas”, plantada no muro, hoje guarda panfletos, propagandas, contas... Deveria ter outro nome.
Bendita carta manuscrita que ainda se arrisca a viajar para levar notícias, despertar saudades e aquecer corações.
(Crônica inspirada em uma carta recebida, em 20-10-15.)
Fui envolvida por grande surpresa ao encontrar na caixa de cartas uma carta. Sim, era uma carta de verdade, com envelope tradicional, selo dos Correios, carimbo, com meu nome e endereço escritos a mão, tinta azul e tudo. Quando a peguei, mal podia acreditar, porque há muito esse objeto entrou em extinção. Mas esse era real, estava ali, um raro exemplar em minhas mãos! Busquei o remetente. Sim, havia remetente e vinha de longe... De uma pessoa muito querida de quem há muito eu não tinha notícias. Fiz uma viagem ao passado. Quantas lembranças! Respirei fundo, absorvendo o perfume da saudade. Como um médico cirurgião que traça uma linha imaginária antes de começar a incisão, meus dedos em pinça iniciaram a delicada operação de abertura do envelope. Dentro, duas folhas de caderno escritas a mão, com tinta azul, diziam: “Resolvi escrever esta carta ‘à mão’, arriscando-me a cometer erros de português...”. Letra legível, bem delineada, um pouco inclinada para a direita e, em português impecável, bordava o papel. Grandes e boas notícias colocaram largos sorrisos de felicidade em mim e acenderam estrelas no meu olhar. Terminada a leitura, apertei a carta contra o peito e busquei na memória a última recebida. Não me lembrava.
As cartas envelheceram. Muitas morreram por não suportarem a modernidade... Restam poucas! A caixa de “cartas”, plantada no muro, hoje guarda panfletos, propagandas, contas... Deveria ter outro nome.
Bendita carta manuscrita que ainda se arrisca a viajar para levar notícias, despertar saudades e aquecer corações.
(Crônica inspirada em uma carta recebida, em 20-10-15.)