Oscar Márques, Geni e o Rede Socialismo
 
Oscar Márques e a Geni, aquela que inspirou o Chico Buarque, conheceram-se pelas salas de bate-papo do Portal UOL. Conversa vai, conversa vem e acabaram se apaixonando. Aquele "amor" à distância, muito comum hoje em dia.

Pior, naqueles tempos as pessoas choravam, descabelavam-se de verdade por um amor que lhe era apresentado apenas por palavras de alguém, talvez, nem existisse. Tal qual àquela velha história do Gambá que se apaixonara por um "pum", se é que me entendem.

Entretanto, Márques e Geni existiam de verdade, tanto que anos depois conheceram-se e casaram-se. Mas, antes de isso acontecer seguiram namorando pela Web. Passaram depois para o MSN. Opa! Agora havia imagem, câmera e coisa e tal.

Oscar Márques era um jovem barbudo e de cabelos desgrenhados. Escrevia lindas palavras extraídas da mais fina filosofia, que sua amada, naturalmente, não entendia bulhufas. Geni, por sua vez, conforme nos conta o Chico Buarque, era uma moça de comportamento moral duvidoso, porém, ingênua, sincera e corintiana roxa. Enfim, uma proletária, como gostava de chamá-la seu amor virtual, Oscar Márques.

Márques era um sujeito que vinha de uma família chique. Havia estudado em bons colégios e falava fluente o português, inclusive por não gostar de ver programas de televisão. Seu PC era de última geração, et cetera e tal, enquanto que a humilde Geni mal e mal sabia escrever, mas não perdia as novelas globais. Escrevia: "vou falar uma coisa prá tu"; falava de boca cheia; mostrava a alça do sutiã... Tudo, enfim, o que se aprende na escola Rede Globo. Aliás, essa escola pública até possui um slogan que confirma as atitudes da noveleira Geni: "tudo o que pinta de bobo, na globo, pinta na cachola do povo!"

Oscar Márques ficava indignado, muitas vezes mas, o amor falava mais alto. Mesmo assim, não suportava tanta ignorância e corrigia a moça com a famosa frase. "Poxa, amor! Conhece-te a ti mesmo!". E a Geni mandava: - Ah! Essa eu já conheço, sabichão! Só não lembro se é do Marco Antônio, Sócrates ou Rivelino... Então, Márques desistia da docência.. Por uns dias.

E o tempo foi passando, bem como os aplicativos "internáuticos". O namoro seguiu pelo Orkut, noivaram pelo Face book e casaram-se pelo WhatsApp.

Finalmente foram morar juntos. Cada qual com seu inseparável Smartphone, claro. Oscar Márques não era muito favorável ao consumismo desenfreado mas, moda é moda, justificava. Porque antes de ter sido apresentado à Internet e às Redes Sociais era um crítico ferrenho do consumismo. Costumava dizer: "o consumismo capitalista nada mais é que o domínio pela Classe Burguesa do proletariado, através do consumo desregulado em si, do lucro ganancioso e da abstração incorrigível do povo".

Com razão ou não, a verdade que um dia ele chegou em casa triste. E, exclamou baixinho: - poxa! prenderam o companheiro Lula!. Geni ouviu e perguntou: - Quem é Lula "benhe"? Ele esclareceu: "Ué, o ex-presidente que fez da companheira Dilma a atual Presidente! - Quem é Dilma, "benhe"? Ué, a Presidente do país, que acabou de ser "impichada!" pelo ladrão do Cunha e seus asseclas! E completou a explicação: - ainda bem que esse Cunha também foi preso! E a Geni representante do "rede socialismo" brasileiro arrematou, para desespero do marido: O que é "impichada" e quem é o tal de Cunha?

Então, naquele momento, o casamento chegou ao seu final. Oscar Márques espatifou seu telefone no piso e proferiu sua famosa frase: "o Smartphone é o ópio do povo!".
Luiz Carlos Gomes
Enviado por Luiz Carlos Gomes em 22/10/2015
Reeditado em 21/04/2016
Código do texto: T5423166
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