É DANDO QUE SE RECEBE
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Nosso meio político faz uma interpretação sacrílega da sublime Oração de São Francisco. Faz-se cortesia com chapéu alheio, pois o dono legítimo do erário é o povo. Políticos, governantes, servidores públicos, concursados ou apadrinhados, alguns regiamente aquinhoados, não passam de prestadores de serviços ao povo, a quem deveriam prestar contas. Entretanto, muita coisa funciona impunemente na base da barganha. Com uma dentadura se compra o voto; já o apoio a um veto da Presidência pode custar um ministério. E não é que, mesmo assim, quando já se “ganhou” o ministério, por vezes é dando que ainda não se recebe?!...
Meu entendimento de inflação já vem trocado a miúdo. Inflação é, basicamente, gastar mais do que se recebe ou se tem, com a agravante de que, se falta dinheiro, cobra-se mais do povo por meio de impostos. Mais, mais, sempre mais, apesar do discurso de austeridade e de que já pagamos muito imposto. Sim, basta acompanhar o impostômetro!
Como contribuinte, sugiro a suas pródigas excelências uma reflexão a partir de dois textos clássicos. O primeiro, uma fábula de Esopo, A Cigarra e a Formiga. Em resumo, as formiguinhas trabalhavam arduamente durante o verão a fim de poderem usufruir no inverno. Enquanto isso, a cigarra cantava, flanava o tempo todo. Conclusão evidente...
Na Bíblia, José decifra com precisão dois sonhos do Faraó. As sete vacas gordas e as sete espigas cheias prenunciam sete anos de fartura; as sete vacas magras e as sete espigas vazias representam sete anos de penúria, de devastação. Entendendo o recado, o Faraó nomeia José primeiro-ministro (entre nós seria como que o ministro da Fazenda) a fim de coordenar fossem armazenadas grandes reservas de trigo em grandes celeiros. Aliás, a palavra celeiro é recorrente em textos do Antigo e do Novo Testamento.
Atualmente estamos vivendo tempo de vacas magras, de escassez de água. Cadê a água que estava aqui? Cadê? O gato bebeu!...