Verdades solitárias.
Acordo, e não me lembro de ter terminado a prece que havia começado na noite anterior.
Tive pressa, minha ingratidão as vezes é maior que minha fé e meus anseios, então eu durmo.
Ainda sonolenta e irritada olho para o relógio no canto do quarto, que marca as 07h00 horas, que na verdade era pra ser as 06h00 da manhã. horário de verão que inventaram com desculpa de poupar energia, só me faz acordar mais cansada e confusa, e rende mais uns tantos milhões para esses políticos de merda nesse país fedido.
Levanto e me olho no espelho, me vejo exposta de alma, coração e poros, me olho nos olhos, e me procuro, não vejo brilho, não vejo ninguém, eu não habito mais em mim — descubro.
Procuro a carteira de cigarro ao lado da cama em meio alguns guimbas, e acendo.
No segundo trago já começo a me lembrar do passado, e mergulho à fundo em dores já veladas, eu preciso parar de fumar cigarros baratos, essa porra ta me deixado velha é nostálgica — penso.
Ainda na cama e o vento fumando o guimba, entre meio os dedos sujos e mal cheirosos, me sinto uma daquelas lindas modelos em uma foto sentada olhando profundamente para o horizonte, se eu pudesse me vê, estaria mais pra uma louca solitária olhando para a realidade.
Realidade que bate e chuta minhas expectativas e sonhos, mais que é anestésica para as dores que me causam — para as dores que me causo.
O dia amanhece
Os pássaros já cantam.
Os poetas já dormem, as putas também.
alguém já ouviu um eu te amo
alguem se calou, o café se esfriou, o amor passou do ponto.
A próxima parada é o recomeço.