Os pequeninos pés mal haviam roçado a terra e, para a desventura daquele menino, a lida já havia se adonado do fogo das horas.
De tanto madrugar, cresceu com os olhos voltados pro céu - olhos ouvintes de estrelas - E ao pé do ouvido delas ele rogava para que o protegessem das sombras que nem mesmo conhecia.
E ele ia, todos iam, por entre crepúsculos e alvores, sorvendo a poeira do tempo, varrendo os grãos dos dias - Mal sabiam o quanto os desenhavam...
Andava dentre multidões. Almas perfumadas de conhecimentos e na maioria das vezes, cegas de sentimentos. E por tanto contemplar a vida de passagem, aprendeu a linguagem do silêncio, pétrea insígnia da solidão, e a ouvir as vozes que diziam serem os sonhos que despertam o sol, de dentro.
Fotografia - Adrian McDonald