A Banalidade do Mal
Lula, Dilma e Cunha
Lula, Dilma e Cunha
Há cerca de seis décadas, a frase que dá título a essa crônica foi proferida pela filósofa Hannah Arendt (Judia alemã, 1906-1975) ao observar que o carrasco nazista, Eichmann, sendo julgado pelo tribunal de Israel, em nada se assemelhava ao estereótipo dos “seres malignos”. Ao contrário, a sua aparência era símile a de milhões de homens comuns.
Aqui, com o devido respeito à llustre Drª Arendt, usarei a frase para traçar algumas considerações sobre a outra espécie de maldade que nos assola: a corrupção.
E o que é mais triste, a banalização deste Mal.
Não entrarei no mérito das eventuais falcatruas cometidas pelos três personagens citados no subtítulo, por não ter capacidade para tanto, já que sou um simples escrevinhador, sem a necessária cultura jurídica para emitir juízos de valor. E declinarei de citar outros eventuais ilícitos cometidos por outras figuras, em razão da representatividade do trio mencionado.
Ademais, uma condenação ou uma absolvição, para efeito desta crônica, deixaria de ter importância absoluta, já que a minha pretensão é fazer uma reflexão sobre o quão banal tornou-se a ilegalidade.
Tão vulgar que se chegou ao ponto do Sr. Lula justificar a ilegalidade cometida pela Sra. Dilma, no triste episódio das chamadas “Pedaladas Fiscais”, com o falacioso argumento de que ela agiu dessa forma apenas para pagar “verbas sociais (bolsa-família e quejandos)”, como se fosse uma nova “Robin Hood”. Pergunta-se: quem votou nela, deu-lhe o “direito” de burlar a Lei?
Ou, então, o silêncio desavergonhado do Sr. Cunha ante a comprovação de que possui contas em bancos suíços, ao contrário do que havia afirmado falsamente à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Pergunta-se: por que os fundos que abastecem tais contas não foram declarados?
Ou, ainda, a insistência desavergonhada do Sr. Lula, da Sra. Dilma, dos dirigentes do “Partido dos Trabalhadores” e de seus subalternos e acólitos, em dizer que todas as doações ao Partido foram legais (sic). Ora, se foram legais, como explicar que os dois últimos tesoureiros da agremiação estão presos, condenados por corrupção? Pergunta-se: todos os subornos que eles receberam ficaram apenas para uso dos mesmos?
É óbvio que tais questões não se restringem ao “Partido dos Trabalhadores”, ao Sr. Cunha e nenhum outro em particular, pois não faltam evidências de ser uma prática generalizada em todo o universo político, com raríssimas exceções.
Nesse ponto, aliás, o Mal deixou de ser banal para se tornar cínico.
E outros exemplos da banalização do Mal poderiam ser citados, mas isso seria desnecessário, vez que são amplamente conhecidos. O que talvez careça de maiores estudos é o outro lado da questão: a nossa covardia.
Ou melhor, a minha covardia, haja vista não ser correto falar por outrem.
Sim, qual será a raiz do meu medo, do meu comodismo, do meu conformismo e da minha subserviência, já que sei que a vulgarização da maldade só acontece porque eu permito?
Em que ponto da minha história eu passei a achar que tudo “é assim mesmo”? Será que já nasci covarde, ou foi o peso da realidade de conviver com os tantos corruptos do dia-a-dia que me roubou a noção de certo e errado?
A banalização do Mal é a minha própria banalização?
Aqui, com o devido respeito à llustre Drª Arendt, usarei a frase para traçar algumas considerações sobre a outra espécie de maldade que nos assola: a corrupção.
E o que é mais triste, a banalização deste Mal.
Não entrarei no mérito das eventuais falcatruas cometidas pelos três personagens citados no subtítulo, por não ter capacidade para tanto, já que sou um simples escrevinhador, sem a necessária cultura jurídica para emitir juízos de valor. E declinarei de citar outros eventuais ilícitos cometidos por outras figuras, em razão da representatividade do trio mencionado.
Ademais, uma condenação ou uma absolvição, para efeito desta crônica, deixaria de ter importância absoluta, já que a minha pretensão é fazer uma reflexão sobre o quão banal tornou-se a ilegalidade.
Tão vulgar que se chegou ao ponto do Sr. Lula justificar a ilegalidade cometida pela Sra. Dilma, no triste episódio das chamadas “Pedaladas Fiscais”, com o falacioso argumento de que ela agiu dessa forma apenas para pagar “verbas sociais (bolsa-família e quejandos)”, como se fosse uma nova “Robin Hood”. Pergunta-se: quem votou nela, deu-lhe o “direito” de burlar a Lei?
Ou, então, o silêncio desavergonhado do Sr. Cunha ante a comprovação de que possui contas em bancos suíços, ao contrário do que havia afirmado falsamente à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Pergunta-se: por que os fundos que abastecem tais contas não foram declarados?
Ou, ainda, a insistência desavergonhada do Sr. Lula, da Sra. Dilma, dos dirigentes do “Partido dos Trabalhadores” e de seus subalternos e acólitos, em dizer que todas as doações ao Partido foram legais (sic). Ora, se foram legais, como explicar que os dois últimos tesoureiros da agremiação estão presos, condenados por corrupção? Pergunta-se: todos os subornos que eles receberam ficaram apenas para uso dos mesmos?
É óbvio que tais questões não se restringem ao “Partido dos Trabalhadores”, ao Sr. Cunha e nenhum outro em particular, pois não faltam evidências de ser uma prática generalizada em todo o universo político, com raríssimas exceções.
Nesse ponto, aliás, o Mal deixou de ser banal para se tornar cínico.
E outros exemplos da banalização do Mal poderiam ser citados, mas isso seria desnecessário, vez que são amplamente conhecidos. O que talvez careça de maiores estudos é o outro lado da questão: a nossa covardia.
Ou melhor, a minha covardia, haja vista não ser correto falar por outrem.
Sim, qual será a raiz do meu medo, do meu comodismo, do meu conformismo e da minha subserviência, já que sei que a vulgarização da maldade só acontece porque eu permito?
Em que ponto da minha história eu passei a achar que tudo “é assim mesmo”? Será que já nasci covarde, ou foi o peso da realidade de conviver com os tantos corruptos do dia-a-dia que me roubou a noção de certo e errado?
A banalização do Mal é a minha própria banalização?
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Alguns, iludidos, apoiam o governo duplo, oficialmente exercido pela Srª Presidente (com “E” no final, vez que o neologismo criado pela própria não tem sustentação semântica, gramatical e fonética e só é útil para aqueles que dela dependem para conservarem as suas sinecuras) e, de fato, pelo Sr. Ex-Presidente, sem que nenhum deles exerça efetivamente qualquer ato de governança, limitando-se ambos a jogarem todos os jogos (por mais sórdidos que sejam) para se manterem no Poder.
A ruína no Ensino, na Saúde, na Economia e noutros campos da vida nacional, bem ilustra essa falta de patriotismo, de preocupação republicana e, pior, o profundo desdém com o povo que lhe paga os salários e as mordomias.
Outros, tão iludidos quanto, batem panelas e posam para fotos junto a policiais, esperando que seus amigos admirem-lhes nas “Redes Sociais” e os saúdem como “cidadãos ativos e engajados”. E, pior, alguns se despem de toda decência e urram pela volta da Ditadura Militar, como se fossem crianças mimadas que ao terem as suas vontades contrariadas choram para que a “mamãe Forças Armadas” resolva-lhes as dificuldades. E aqui, haja “valentia”. Atrás da proteção das telas dos computadores, é claro. Esquecem, ou talvez não consigam compreender, que “Todo Poder emana do Povo” e é a todo o Povo que cabe corrigir os desvios e não apenas a uma parcela (as Forças Armadas) deste povo.
Tem-se, então, a impressão de se estar em um campeonato esportivo onde os “vermelhos” e os “azuis” disputam um jogo, cujo prêmio será apenas deles mesmos.
Enquanto isso, afastado desse trágico festim e sórdida orgia, fica o Brasil. Espremido em vilas e em filas, como disse Caetano Veloso. Fica o Brasil, igual ao Haiti, como disse Gilberto Gil e o já citado Caetano. Fica sem emprego, sem saúde, sem educação e, talvez, sem esperança.
Fica o Brasil, com a amarga sensação de que além de banal, o Mal, seja perene.
A ruína no Ensino, na Saúde, na Economia e noutros campos da vida nacional, bem ilustra essa falta de patriotismo, de preocupação republicana e, pior, o profundo desdém com o povo que lhe paga os salários e as mordomias.
Outros, tão iludidos quanto, batem panelas e posam para fotos junto a policiais, esperando que seus amigos admirem-lhes nas “Redes Sociais” e os saúdem como “cidadãos ativos e engajados”. E, pior, alguns se despem de toda decência e urram pela volta da Ditadura Militar, como se fossem crianças mimadas que ao terem as suas vontades contrariadas choram para que a “mamãe Forças Armadas” resolva-lhes as dificuldades. E aqui, haja “valentia”. Atrás da proteção das telas dos computadores, é claro. Esquecem, ou talvez não consigam compreender, que “Todo Poder emana do Povo” e é a todo o Povo que cabe corrigir os desvios e não apenas a uma parcela (as Forças Armadas) deste povo.
Tem-se, então, a impressão de se estar em um campeonato esportivo onde os “vermelhos” e os “azuis” disputam um jogo, cujo prêmio será apenas deles mesmos.
Enquanto isso, afastado desse trágico festim e sórdida orgia, fica o Brasil. Espremido em vilas e em filas, como disse Caetano Veloso. Fica o Brasil, igual ao Haiti, como disse Gilberto Gil e o já citado Caetano. Fica sem emprego, sem saúde, sem educação e, talvez, sem esperança.
Fica o Brasil, com a amarga sensação de que além de banal, o Mal, seja perene.