As vozes daqueles que não podem falar - Ato II
Ato II
“Não preciso de você.”
Posso ir aonde quiser e você não tem como me impedir. Posso achar minha própria comida, sem ter que depender de suas mãos inconstantes para me alimentar.
Posso dormir e acordar a hora que me apetecer, e ainda faço o imenso favor de lhe servir de despertador, para que não chegues atrasado onde quer que seja seu destino.
Então, veja só, eu não preciso de você. Entretanto...
Entretanto...
Não me negue um carinho quando eu vier ao seu encontro, e eu lhe devolverei a delicadeza com o mesmo afinco.
Não me negue abrigo quando eu estiver em necessidade, e eu lhe serei fiel durante toda a minha vida.
Não me negue amor quando eu busca-lo, e eu lhe ensinarei o verdadeiro significado dessa palavra.
Pois, embora não precise de você, ainda assim gosto de estar ao seu lado.
Relato de um gato (quase) independente.