O Poeta é um Fingidor...

Às vezes eu nem sinto o que eu digo e às vezes eu sinto muito. Às vezes escrevo sobre coisas minhas e às vezes sobre coisas do mundo. Às vezes já passei pela situação e às vezes só as vivenciei em meus pensamentos. Às vezes doeu muito ou ainda dói; às vezes eu nem sequer sei de fato o que é sentir aquilo que escrevo como se sentisse. Às vezes nem são dores, só devaneios. E, às vezes, são feridas que ainda latejam ou fazem sangrar meu coração. Enfim, não se pode saber ao certo, pois bem já dizia o poeta: “até parece dor a dor que deveras sente...” se é, quem poderá saber?

É engraçado e mágico o poder persuasivo que a escrita possui, nos que escrevem e nos que leem – de achar que quem escreveu está realmente passando por aquilo tamanha a veracidade de suas palavras ou de sentir muito mais do que o próprio escritor a dor que ele descreve tão bem em seus rabiscos. Ledo engano...

Assim, alguém se compadece de minha dor ao ler minhas palavras; alguém se identifica e outro alguém me renega. Esses alguéns vão sentindo nas suas próprias dores a dor que acham que sinto ou simplesmente julgam o que acham que eu quero dizer ou acham que senti. Então me lançam votos de que eu fique bem ou melhore, quando, na verdade, eu já o estou. Perfeitamente bem. Eu sorrio do desengano, não porque ache graça, mas porque é interessante o poder que a escrita possui -de fazer sentir quem jamais sentiu, de fazer parecer que eu sinta o que se quer senti e de fazer sentir quem realmente sente, muito mais que eu jamais senti.

Parece que vivi o que está escrito ali, mas não nos enganemos, nem sempre, meus caros! Nem sempre! Nenhum de nós. Quem escreve bem sabe: O poeta é um fingidor - ou não.

MAMagni
Enviado por MAMagni em 19/10/2015
Reeditado em 19/10/2015
Código do texto: T5419969
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