Nós

- Tá difícil!

- Tenta desse jeito, João...

- Eu não consigo, tio Marco!!!

E eis que João se depara com um desafio. Talvez o "maior" do seus longos-sete-anos-de-vida.

Deu-me saudades dessa época. De quando havia apenas essa preocupação: amarrar o cadarço do meu tênis.

Eu não tinha a menor ideia do que viria pela frente no quesito Dificuldades.

Quisera eu que o grau de desafios a cumprir fosse comparado ao de calçar um tênis e ir para a escola.

A verdade é que a gente nem imagina o que a vida ainda nos reservará. E João também não.

Crescemos e os desafios crescem conosco.

Entre um laço mal feito e outro, fiquei ali a observar e orientar meu sobrinho... pega de um lado, puxa do outro, passa por baixo e...

- Desisto! Não dá pra fazer!!!

Tento estimulá-lo, mostro os dois modos para se amarrar o danado do cadarço. Tadinho, quanta dificuldade.

Por fim, eu mesmo resolvo o grande desafio. Pronto!

Mas nem sempre será assim. Nem sempre encontraremos alguém disposto a nos ajudar e resolver os nossos problemas.

Sozinhos, teremos que ir adiante desfazendo os nós que encontrarmos pela frente.

Não é fácil. Aliás, como costumam dizer "e quem disse que seria fácil?"

Injustos. Improváveis. Complexos. Mas o que seria da vida sem desafios?

Ignorar a existência, definitivamente, não facilitará na resolução deles.

Coragem. É preciso coragem.

Estejamos preparados ou não, desafios sempre estarão ali, logo adiante, a nos esperar... Testando nossos limites, pondo em questão os conceitos pré-estabelecidos e forçando o amadurecimento.

Que nunca nos falte sabedoria para desatar os nós dos nossos desafios diários, dedicação para criarmos importantes laços e força ao amarrarmos a nossa história sem tropeços desnecessários.

(Algum tempo depois...)

- Tio Marco, olha!

- O que foi, João?

- Aprendi a amarrar o cadarço!!!

Respiro aliviado e feliz. João conheceu a persistência.

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