A GENTILEZA
Diz que era uma “calopsita” que vivia num bordel no centro de Belo Horizonte. Diziam que a ave (Nymphicus hollandicus) era a amiga inseparável das vedetes. Ninguém sabia ao certo de onde ela veio simplesmente apareceu na porta do hotel da Rua são Paulo esquina com Guaicurus. As meninas ficavam agitadas, pra não falar excitadas com os cantos e as palavras de baixo calão pronunciadas pelo “Godofredo”. As cores o denunciaram, era um macho “calopsita”, que adorava o prostíbulo. Ele divertia os clientes com piadas de papagaio e de meretriz, como pagamento recebia varias doses de conhaque no bico. Num belo dia, o freqüentador assíduo e biólogo (Antonio Preatto), mostrando-se o sabichão, informou para uma donzela, que a ave era muito gregária, ativa e que gosta muito de trepar, roer e interagir com outras aves da mesma espécie.
Num “barata voa”, o prostíbulo teve que ser fechado as pressas, acusaram uma mulherzinha cambeta de rufianismo, ela foi presa e enquadrada no artigo Art. 230 do código penal brasileiro. O “Godofredo”, coitado ficou solto, transitando na Rua dos Caetés e às vezes pela a Avenida Amazonas, sem “eira e nem beira”. Numa tarde de outono na capital mineira, “Godofredo” se depara com o “boca boa”, Antonio Preatto, que o levara imediatamente para a sua casa na Rua da Bahia. A mulher concordou com a generosidade do marido e as cinco filhas adoraram a doce ave.
Uma semana depois, fazia um calor pra mais de quarenta graus em Belo Horizonte , “Godofredo” disparou a tagarelar para as meninas que voltavam da rua e usavam saias e short não muito recatado para a família mineira:
- Gostosa! Que delicia! Que delicia Bernadete!
- Gostosa! Que delicia! Que delicia Claudete!
- Gostosa! Que delicia! Que delicia Elizete!
- Gostosa! Que delicia! Que delicia Eliete !
- Gostosa! Que delicia! Que delicia Marquete!
- Trocou de prostíbulo sr. Antonio, entregando e comendo marmita pra outros lados ! Que delicia! Ainda vem mascando chiclete!