UM OLHAR SOBRE A AMAZÔNIA POR ELA MESMA.

Na realidade eu não sei como e quando nasci. Já faz tanto tempo que na minha memória não há mais registro ou ela caducou; digamos alguns milhares de anos, mais uma certeza eu sei, estou bem viva, talvez com um pouco de medo; tem muita gente de olho em mim. Às vezes sou atacada, derrubada, incendiada, mais continuo de pé, não sei até quando?

Estava pensando em me mudar, mais ir pra onde? Não tenho ideia de onde encontraria um lugar melhor do que este -onde pudesse me instalar - sem ninguém pra me importunar ou tentar me comercializar. Talvez porque partes de mim são cobiçadas, dizem que tenho uma fortuna incalculável em minerais, inclusive que tenho a cura pra várias doenças, o câncer por exemplo. Forneço um montão de coisas: Abrigos do sol e da chuva. Alimentação pra muita gente. Sombras pra incontáveis pessoas aliviarem o calor. Sacio a sede de milhares de gente. Sou a maior caixa d'água de água doce do mundo. e ainda forneço água para o mar. Dizem que sou o maior pulmão do mundo, tô me sentindo chique.

Por tudo isto que represento, será que não mereço um pouco mais de consideração por parte dessas pessoas? Que detém o poder e dizem gostar de mim (?), porque são elas que ditam as regras e as leis, assim, permitiriam que eu vivesse por mais tempo, quem sabe, indefinidamente, será que estou pedindo muito? Não concordo quando meus humildes irmãos amazônicos -assim chamados - os legítimos donos de mim, são penalizados por eles tirarem seus próprios sustentos das minhas infinitas adversidades; não são eles os meus inimigos, ao contrário, eles são meus fiéis escudeiros, só eles me defendem dos usurpadores costumais e evitam a minha depredação.

Já chega. Falei demais sobre mim. Há! Ia esquecendo, vocês sabem o quem eu sou? Me chamam de AMAZÔNIA.

Ricardo Nunes de Sales
Enviado por Ricardo Nunes de Sales em 17/10/2015
Reeditado em 08/12/2016
Código do texto: T5417987
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