MAGIA POÉTICA


Poetas são seres mágicos que criam sonhos, tecem fantasias, inventam histórias. Doam-se ao mundo sem reservas, numa ânsia apaixonada de compartilhar os sentimentos que lhes povoam a alma. São feito bichos-da-seda, que se entregam vorazmente a fazer a sua textura. Falam todas as línguas. Conversam com as estrelas, com as flores, com a chuva. Falam com o sol, com as árvores, com os pássaros. Poetas se comunicam com toda a natureza.

Poetas sentem uma ansiedade contínua, que só se ameniza quando nasce um poema. Não qualquer poema. Aquele poema. O que lhes veio do mais profundo do seu ser. Que foi acarinhado, corrigido, enxugado, acrescentado. Aquele que fez o poeta atravessar noites sem dormir, rascunhando, amassando, lançando fora, resgatando. Que foi moldado como uma escultura, mãos em perfeita harmonia com as palavras, dedos encharcados do barro da inspiração.

Poetas parecem carregar nos ombros todas as dores e alegrias do universo. Sentimentos que só conseguem extravasar através de seus escritos. Quando sofrem, a dor é tão grande que sua obra sai lapidada, cristalina, sem arestas. Se felizes, expressam suas palavras com tanta alegria que contagiam de felicidade os corações. Sua magia é tanta que podem, com o alma destroçada,  escrever poemas de pura felicidade. Estar cheios de alegria e criar poesias de profunda tristeza.

Poetas são as cigarras da literatura. Poetar é a sua música. É essa melodia em letras que lhes aquece o espírito, que lhes dá alento para seguir em frente quando os ventos são contrários. Poetas vestem a realidade de fantasia para fazer o mundo sonhar. Poetas aproximam amores, fortalecem amizades, eliminam rancores, conduzem à reflexão. Poetas são seres mágicos que iluminam os mais obscuros cantos da alma.