A vida nos engana e a gente gosta...
Ninguém acredita na sua própria morte, apesar de ser a única certeza que temos nesta vida, pois, desde que nascemos, sabemos que a vida, em seu processo biológico, consiste em nascer, crescer e morrer. Mas, faz parte da natureza humana considerar a sua própria morte como um evento funesto, mas de adiamento sine die. E, meninos, é isso que nos salva!
Com certeza. Às vezes, fico maravilhado com os mecanismos usados pela Infinita Inteligência para nos manter em atividade neste mundo, trabalhando, estudando, criando famílias, amando e desamando, acumulando riquezas, projetos ou sonhos, até que chegue o dia fatal e pum!, lá passa o cara para o outro lado (que lado, meninos?) e só não vai nu porque lhe vestem com o melhor traje do seu guarda-roupa...Mas, o peso da carne é tão poderoso que acabamos acreditando que vivemos uma vida real - como real, se para ela viemos com o nascimento e dela sairemos com a morte?
Quais são esses mecanismos de que a Infinita Inteligência se vale para manter o ser vivente tecendo constantemente o seu futuro ( que um dia não virá mais) na face da Terra, se ele sabe que não ficará aqui para sempre? Primeiro, é o império do amor, da carne, dos sentidos e dos desejos. "Minha família precisa de mim", "Não posso viver sem essa mulher", "Preciso marcar uma consulta com o cardiologista", "Vou ficar no vermelho neste fim de mês"; 'Vou fazer minha filha doutora, se Deus quiser", etc., etc"., essas preocupações nos absorvem e, na verdade, são manobras da nossa mente ( que é cósmica) para diariamente nos enganar a respeito do que é real ou ilusório em nossa vida, porque essas coisas exigem o imediatismo da nossa atenção e realização. O outro mecanismo foi dotar o homem de uma consciência mística, desde quando se tornou um ser inteligente, de modo que, se acreditarmos que somos alma imortal animando um corpo perecível, menos atemorizante se tornará a ideia do nosso fim terreno.
Enfim, repito, é isso que nos salva, pois seria lícito esperar que, após tomar conhecimento de que estavam vivendo somente para um dia morrerem, grande parte das pessoas - principalmente as mais fracas e desequilibradas - optasse pelo suicídio ou por uma vida inútil ou destrutiva. Mas, vejam que, ainda que a gente acredite numa vida em outra dimensão (como é o meu caso), estaríamos vivenciando um engano, desde o nascimento: esta vida ( a qual damos tanto valor) é ilusória, passageira, e a outra vida, para a qual voltaremos após a nossa morte física, é essa, meninos, que sempre foi a real!...