Sobre a educação

A obra de Francisco de Goya, Saturno devorando um filho, me remete à educação. Não sei se apenas a educação brasileira, mas a educação que eu conheço e a que ouço falar.

O vilão da pintura é Cronos, Saturno na mitologia romana, que devora diabolicamente seu filho, por temor a ser destronado por ele.

A educação se compara a isso, com suas exceções, hoje em dia.

Conheço (e ouço falar) de muitos professores que não passam o melhor de si por medo de serem superados pelos seus súditos.

Sim, revoltante, muito, aliás. Ser destronado por seu discípulo deveria ser maravilhoso, questão de orgulho, já que você seria o personagem inspirador.

Mas vamos lá: tenho mais comparações a fazer.

Também me lembra de outra perspectiva educacional: Imagine um aluno.

Ele tem notável facilidade em História, Geopolítica. Por outro lado, nada - nem ninguém - é capaz de fazê-lo entender Química.

O que geralmente faríamos? Dá-lhe aula particular de Química. Pouco importa a Geopolítica, ele já é bom, não precisa melhorar.

Devoramos os ossos e largamos a carne intacta. E reclamamos da má refeição depois.

Estamos muito equivocados em relação à escola, faculdade, curso; que seja. Nossa meta é progredir, sempre, e em vez fazermos uma escada com as pedras que encontramos, a colocamos no caminho e tentamos entendê-la.

Por mais horrível e assustadora que a obra de Goya seja, acho que ela não demonstra nem uma centelha de quão horrível nossa lógica está.

Muito se fala sobre adolescentes que não têm fome do saber. Pouco se fala sobre os alunos insaciáveis que alguns professores deixam morrer.