Bode expiatório! (Parte 2)
Ao redor da mesa, a primaiada, se divertia as pândegas, afinal, tudo parecia como um filme, todos juntos, rindo das histórias, somente, as crianças brincando ao redor é que mostravam ser outros tempos, agora, eles eram pais!
Ricardinho lembra da madrugada “sui generis” pelo qual passou, hospedado na casa de Hilda!
Roque, roque, roque, roque...!
“Esta ouvindo Hilda? O barulho continua...!”
Roque, roque, roque, roque...!
Hilda olhava pela veneziana entreaberta, e..., não via nada!
“O senhor está vendo demais! Não quero ser indelicada, mas..., quantas caipirinhas o senhor tomou na festa?”
“Verdade! A marvada faz tudo entortar na nossa frente!” _ falou e disse (desculpe a redundância, Leitor), o rei da cevada, o primo Michey, ele, sim, totalmente, redundante, naquele instante!
“Pois é, eu tinha certeza que via duas cabeças olhando por cima do muro!”
“Não vejo nada Ricardinho! Vamos descer e olhar pela janela da cozinha!”
“Não acho seguro!”
Hilda ficou entre a cruz e a caldeirinha... melhor, ela mesmo explicar, para você, Leitor, compreender melhor!
“Todo dia eu durmo sozinha, justo, nesta noite que estou com visitas vai aparecer alguém para nos assustar?!”
“Vocês não foram ao quintal para ver!? Ricardinho, aonde foi parar sua coragem?!”
“Resolvemos descer até lá, Dudu! Eu continuava a não ver nada!”
“Não vejo nada, não tem ninguém!”
“Hilda sou eu, Nathan!Sou eu seu vizinho?!”
“Como!? O senhor está sozinho?”
“Completamente...só! Totalmente... só! Só, solamente, só!”
“Eu tinha certeza que tinham duas pessoas... depois, percebi que eram sombras das folhagens!”
“E, o que o vizinho fazia olhando por cima do muro?!”
“Vejam... ele, afirmou estar só, totalmente, só! Hilda neste mato tem coelho?!”
“Vocês estão deturpando toda a história!”
O alarido aumentou! Cada um apimentava ainda mais a história. Uma carga pornô-erótica invadiu todo o ambiente, assim que, Hilda tenta se justificar.
“Eu estava bem fresquinha no meu quarto dormitando... chega Ricardinho assustado... ele, sim, começou toda a história, a meia noite...!”
“Resolvi deixar os dois conversando, afinal, percebi ali, segundas intenções!”
“Mente doentia a sua Ricardinho!”
“Fala ai Hilda, o que o talzinho fazia no muro?!”
“Ele estava de butuca na viúva!”
“Eita! Uma viúva bonitona como à senhora arrebatou o coração do Nathan!”
Hilda não conseguia contar para todos diante do tamanho bafafá, o motivo do vizinho estar ali, olhando por cima do muro...
Preste atenção, Leitor, agora, o bode entra na história!
“Toda reunião festiva um quer falar mais que o outro, deste modo, pegam uma vítima, um bode expiatório para ser sacrificado, desta vez, eu sou a vítima!”
“Por favor, deixem que ela termine de contar ...”
Silêncio! Nem tanto...
“Contei para ele da festa da primaiada... disse, também que estava hospedando um casal!”
“Eu somente vi o homem!”
“Não! Nathan a esposa dele esta dormindo!”
Ricardinho foi para o quarto e deixou os dois conversando, um a cada lado do muro, é claro!
“Preciso lhe explicar Hilda, sobre o real motivo, de eu estar tentando pular o seu muro!”
“Na sua idade pular muro é uma temeridade Nathan!”
“Estou em forma, Hilda! Corpo e mente sadios!”
“Sou toda ouvido!”
“Não conseguia dormir com as gotinhas do seu ar condicionado caindo na folhagem, então, tentei arrancar algumas folhas para que o silêncio acariciasse os meus ouvidos sonâmbulos!”
“Ah! Conta outra sogrinha... na casa do Nathan tem cinco quartos, porque, ele não escolheu outro para dormir!? Ah! Tem gato nessa tuba!”
Nossa! O lobo solitário resolveu caçar ... cansou da solidão! Será que ele vai conseguir o seu intento e aplainar as colinas despovoadas do seu coração? Será que o amor vai vencer a aridez e fazer borbulhas de amor no aquário de Hilda?