PASSANDO A LIMPO

          Engraçado... quando garota, ainda estudante, eu tinha por hábito escrever primeiramente num rascunho (que podia ser rabiscado á vontade), as anotações de aula para, só depois, passá-las a limpo nos cadernos destinados à cada matéria. Eram exemplares meus cadernos: limpos, bem cuidados - disputados!

          Essa hábito acompanhou-me quando entrei para a Faculdade de Direito, já que possuia enorme facilidade de anotar, rapidamente, quase tudo o que os professores diziam. Conclusão: cadernos novamente disputados pelos colegas que passavam as aulas voando em brancas nuvens. Cheguei a emprestá-los até mesmo para um dos professores, se não me engano o Fran Martins (irmão do Reitor), que desejava rever algumas aulas passadas, pois estava elaborando um novo livro de Direito Civil.

          Mesmo agora tantos anos decorridos, o hábito continua firme e forte. Meus versinhos - as besteirinhas que escrevo - são primeiramente rascunhados à mão, a lápis ou caneta em qualquer pedaço de papel disponível no momento. Só então os passo a limpo em um bloco enquanto ficam aguardando a oportunidade de serem digitados formando livretos que guardam os textos produzidos ano por ano.
  
          Sou do tempo antigo, gosto de rever, rabiscar, modificar. Na verdade creio ser impossível afirmar que aquele texto é o definitivo.

          E assim venho passando a limpo pela vida afora. Eu gosto. Se bem não faz, mal é que não há de fazer.


                                      jun-2007