Mensagens que edificam - 102
Eu acredito na exatidão da assimetria, no compasso desentoado de um canto desafinado, na disfunção do que é programado para ser executado sem falhas, no atraso da pontualidade, no desapontamento de uma meia verdade, numa história inventada baseada em factos surreais, numa impossibilidade possível quando o que me custa é simplesmente crer. Todavia me questiono: vale a pena apenas crer? Mesmo que se situando no avesso das hipotéticas verdades e discorrendo discordâncias gramaticais que se perdem e se encontram sem nunca representar uma consonante paz? Mesmo que andando na contra-mão de uma mão única? Estas linhas decerto não transmitem o meu nexo, mas manifestam o quanto o mundo anda desconexo. É a inversão e a perda de valores, a valoração do que é podre, é a devassidão e a escuridão que entenebrece todas as chances de dentro de algum princípio que nos transpareça um pouco de sobriedade, encontrarmos uma porta ou quiçá uma janela que nos permita, para além de um ar puro, um vislumbre de uma realidade que não seja tanto a que estamos vivenciando: boçal.