Humana, demasiada humana
Certas coisas nos transformam internamente, mas é preciso um punhado de sensibilidade, é preciso deixar-se transformar, é preciso criar oportunidades. 12 anos de colégio, 2 de Instituto e outros 2 de faculdade não foram capazes de me ensinar o que aprendi nos meus últimos 3 dias, intensos e desafiadores 3 dias. Pude compreender porque Deus tem preferência pelos humildes e que é preciso se fazer pequeno para ser grande, é preciso enxergar muito no pouco. Compreendi também que servir é necessário, que a felicidade do outro reflete na minha e que não é preciso conhecer para amar. O sorriso da Dona Izabel, o carinho da Dona Anita, a carência da Dona Guilhermina e a presença de espírito da Zita tornaram se bálsamo para os meus dias, asiladas elas sofrem com a inutilidade que a idade lhes trouxe. Eu sofri calada, mas em contrapartida me senti feliz por ter a capacidade de tornar o dia deles um pouco mais feliz, por arrancar um sorriso e por ter a oportunidade de estar ali. Mais tarde me deparei com a história do Pedro que sofre da síndrome de Guillain-Barré, ele tinha olhos tristes, de criança que sofre por não poder correr para todos os lados, olhos de quem passaria mais um dia das crianças em uma cama de hospital, não consegui fazê-lo sorrir, criança consegue visualizar o que a gente teima em esconder, suponho que tenha notado o meu sofrimento. Aprendi que ajudar alguém não requer super-poderes, algumas pessoas só precisam de alguém que tenha a paciência de ouvi-las, nem precisa dizer nada, basta só escutar pacientemente e com compaixão. Pediram-me para definir a experiência em uma só palavra, me senti desafiada, eram tantos os sentimentos fervilhando em mim, mas a única palavra que conseguiria definir o todo esse turbilhão que eu havia me tornado, era: AMOR. Sim, amor! Eu amei todos eles de modo especial, do meu jeito meio torto, mas sincero. Por fim aprendi que de nada vale esta vida se eu não puder tocar outras vidas, de nada valho se não escolher trilhar os caminhos do bem. Viver dói, viver é doloroso sempre! Sou excessivamente humana, demasiada humana. Me faço casa para que habitem em mim.