Uma esperança
Uma esperança.
Morei numa casa numa cidade pequena, ao lado de onde morava tinha uma senhora idosa. Eu ficava observando aquela senhora, eu era adolescente e ficava muito em frente de casa. Um dia conversei com aquela mulher, fui até sua casa e ficamos amigas.A partir daí ia todos os dias na casa dela.Ela era frágil, simples e indefesa.Eu cuidava dela.Varria a casa, Lavava suas roupas, tirava pó dos móveis, lavava a louça, Ia lá todos os dias.No fim da tarde preparava uma sopa que ela jantava e deixava um pouco para almoçar no dia seguinte. Sim, ela só tomava sopa.Pela manhã comia um pedaço de pão com café preto.Eu ficava impressionada com ela, tinha uma alegria , uma simpatia...apesar da situação que vivia.No fim do mês ia com ela ao banco.Ela retirava seu dinheirinho e já pagava a luz.Saíamos do banco ela entrava no supermercado, comprava pão, óleo, sal, alho, cebola,pó de café, açúcar e mais nada.Todos os meses as compras eram as mesmas. íamos felizes para casa, era minha melhor amiga.Ela me oferecia café, sopa, mas eu nada comia, parecia um pecado mortal participar das refeições com ela.As vezes minha mãe fazia um bolo, doce ou pudim, eu separava logo o dela.Eu levava correndo pra ela e a deixava muito feliz.Soube que ela tinha uma filha, que casou e desapareceu. Ela era minha melhor amiga.Nunca esqueci seu rosto. Nem o dia que a vi com vida pela última vez. Foi no dia que fomos numa Igreja próxima buscar os legumes de sua sopa, que a Igreja fornecia toda semana. Voltávamos com as bolsas, rindo e brincando, comendo biscoitos que eu havia levado.Chegamos ela me dise que estava cansada e ia deitar um pouco, sentei a seu lado e comecei a cantar "Sabiá lá na gaiola, fez um buraquinho, voou..voou...voou...voou!" Ela adormeceu:Eu pensei.Saí e fui embora, Quando voltei mais tarde ela ainda dormia, me assustei , chamei os vizinhos, gritei!
Todos vieram...ela se foi...tinha partido...para a cidade das flores, das estrelas, das borboletas...tinha ido pra céu.Sim.Porque lá é que moram os anjos.
Chorei!!!!