APERTANDO O CINTO
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Não estamos levantando nenhum voo e mesmo sem sair do lugar é hora de apertar o cinto. Sem emagrecer e sem querer ficar mais elegante é hora do arrocho. Isso é voz geral. Jornais, revistas, televisão, economistas, políticos recomendam isso a toda hora.
O mundo dos homens é bastante complicado como diz o Pequeno Príncipe de Saint Exupéry. Nem gente grande entende como um país tão rico como esse, com tantas terras produtivas, água abundante, clima favorável, petróleo e muitas riquezas a explorar, pode estar tão preocupado com números. Os números não batem, não são sequer suficientes para cobrir outros números.
Talvez a resposta esteja nos baobás. Eles cresceram muito e suplantaram as roseiras e as sementes boas do nosso planeta. Pareciam plantas inofensivas, ou melhor dizendo, sementes boas que espalhavam o bem: o crescimento da nossa economia a redução da miséria, a valorização do real, a estabilidade de preço e o avanço significativo na distribuição de renda. Tudo melhorava, mas sorrateiramente a semente ruim se espalhava tal qual uma erva daninha ou como as raízes dos baobás do planeta do Pequeno Príncipe. Essas sementes foram infestando esse grande Brasil e os números negativos foram se multiplicando, as dívidas aumentando para as luxúrias dos baobás que cresciam a cada dia.
Tristeza é pouco para a situação que estamos vivenciando. Mas há coisas que pode nos trazer prazer sem incluir números. Olhar o por do sol, deleitar-se com o mistério do amanhecer e anoitecer. Isso pode nos fazer acreditar que nem tudo acabou. Esperança!
É possível salvar a flor que amamos: o Brasil. Ela está em perigo. Temos que livrá-la das ovelhas, das serpentes e dos tigres. Temos vulcões? É preciso cuidar para que não entrem em erupção e destrua mais ainda nosso território. Atentai para as lições do Saint Exupéry: Devemos suportar duas ou três lagartas para conhecer a borboleta e exigir de cada um o dever que cada um pode cumprir. Isso e muito mais precisa ser feito para salvar um planeta.
O momento é de percorrer caminhos rochosos, de andar na areia ou na neve até encontrar uma estrada: a saída. Não é hora de dormir em berço esplêndido e sim de adaptar-se ao momento de crise e agir com inteligência e cautela financeira, mudando de hábitos e organizando contas, cortando gastos, comprando só o necessário, pesquisando preços, e evitando os supérfluos. Poupar se sobrar, fazer uma reserva financeiro se possível, frear o consumo para se prevenir do que vem por aí, são algumas questões que precisam ser observadas de imediato.
Uma das boas lições que se pode tirar de um momento de crise é usar a criatividade. Criar novos estilos de vida, modos de diversão sem gastos e formas de comer saudavelmente diminuindo as despesas. Ação é a palavra.
Nada acontece por acaso. Temos que aprender com os nossos erros. Somos em parte responsáveis pela crise. Não fazemos escolhas com responsabilidade, não somos comprometidos com as nossas atitudes. Estamos colhendo os frutos das sementes que plantamos.
Precisamos cuidar do nosso planeta. Aqui temos estrelas, serpentes, flores e baobás. Estamos em crise, mas tudo passa nessa vida. E fica aqui mais um ensinamento do Saint Exupéry:
“Antes de se tornarem grandes, os baobás um dia foram pequenos”. Essa é a hora de cortar o mal pela raiz.
Hoje apertar o cinto é necessário, mas como diz o dito popular: depois da tempestade vem bonança. Amanhã bons dias virão, assim acreditamos.