A MATRIARCA.
Admirava tanto a altivez e soberba de sua avó,a quem não interessava ser amada, mas apenas obedecida,que a olhava extasiada,contando os dias para chegar a ser como ela.
Os seus olhos infantis, não notavam a existência do amor porque este acontecia naturalmente,sem que ela mesma o percebesse ; mas o comando da vida de todos ao redor de sua avó,ao levantar de sua bengala...ah, isto a embriagava e entorpecia.
Assim descobriu a extensão do poder e com ele se satisfez.
Nenhum outro sentimento conseguiu substituí-lo como meta e obstinadamente o treinou,a princípio desajeitadamente, com aqueles que não poderiam lhe rebater e sempre e tanto,até chegar a excelência e todas as vidas ao seu redor, poder de alguma forma controlar ou manipular.
Era tão grande a ansiedade de ser a matriarca, que negou a sua mãe, o direito de um dia exercê-la.
Muito cedo tomou o comando de tudo e de todos.
Nunca percebeu que não era amada e nem sequer bem vinda.Sua postura lhe bastava e lhe toldava a visão dos sentimentos alheios.
Triste exemplo quis seguir e mais triste ainda,sem ter a menor noção dos deveres que lhe caberiam...
A uma matriarca,cabe primeiro a empatia,o amor e a sabedoria,para que tome a si,a condução dos destinos daqueles que em estado de confusão, não conseguem tomar uma adequada decisão.
A matriarca é respeitada,por seu conhecimento de vida,adquirido com a idade.É o respeito que lhe prestam os menos hábeis,ao seu comportamento.
Ela direciona porque ama e tem poder porque bem direciona.
Não pode existir,a não ser num caso especial,uma matriarca inexperiente,que usufrua dos direitos,mas não cumpre com suas obrigações.
Um ser inexpressivo,fora do contexto, apenas focado em ser obedecido,sem julgamentos justos,sem justa ocupação, injustiçando a si e aos outros, disseminando tolices e colhendo ventos.
E a jovem matriarca,assim como um monarca que rouba a posição de seu pai,pulou gerações,mutilou multidões,cega as evidências de sua errônea gestão, surda aos brados contra sua ineficiência; mas muda jamais. Estava sempre pronta a se intrometer,a fazer doer,para mostrar a quem cabia o poder.
Ironicamente, tal qual admirou a bengala que geria sem amor,sua sucessora, admirou mais a sua mão altiva,que seu coração e aprendeu a comandar antes que conseguisse amar.
Numa reação genética, usurpou sua posição, quando justamente,lhe caberia tê-la.
A glorificação sem merecimento,foi a marca registrada dessas duas primeiras gerações.
Imagine uma família sem um sábio e justo comando,se perpetuando,sempre trocando os pés, pelas mãos.
Pode-se imaginar os próximos capítulos,pelo brilho do olhar das pequeninas,ao verem sua mãe exercer o poder,sem preparo,sem vergonha e sem lucidez.
Até quando a felicidade conseguirá ser trocada pela ignorância do abuso em ser mais,do que saber ser?
Até que se lapidem os espíritos,até que a fé aflore;até que se dê palavra ao amor,há de se conviver apenas com a dor. (eu