ZÉ LARÁPIO
Em Ibirité/MG, lá pelas bandas de Brumadinho, na zona metalúrgica, região desbravada por bandeirantes em busca de ouro e pedras preciosas, na bacia do Paraopeba, havia um delegado famoso, o Doutor Falcão, conhecido por sua astúcia e dureza no combate ao crime.
Certo dia ele recebeu queixa de um morador contra um tal de “Zé Larápio”, o qual alegava ter tido sua viola roubada pelo meliante, solicitando providências por parte da autoridade policial.
O delegado pediu ao queixoso que lhe trouxesse três testemunhas, pois já andava de olho no “Zé Larápio”, mas o cara era ladino e escorregava que nem quiabo. Dessa vez o policial queria armar bem o laço.
Intimado, o “Zé Larápio” compareceu e viu-se diante das três testemunhas, as quais foram interpeladas pelo delegado, o qual indagou da primeira:-
“- O senhor viu o “Zé Larápio” apossar-se da sua viola?...” – e o cidadão respondeu:-
“- Ver eu não vi, doutor. Mas foi ele mesmo. Ele já me levou um cavalo, tenho certeza de que levou a viola!”
O Dr. Falcão chamou a segunda testemunha e fez a mesma pergunta, ouvindo em resposta:-
“- Eu não vi, mas só pode ter sido ele, delegado. Já me levou umas galinhas e pode ter roubado também a viola!”
O policial fez algumas anotações e chamou a terceira e última testemunha de acusação:-
“- E o senhor? Viu o “Zé Larápio” levar a viola?” – no que veio a resposta de bate-pronto:-
“- Também eu não vi, doutor delegado. Mas tudo que some aqui em Ibirité o culpado é o “Zé Larápio”. Ele já me levou um cabrito e deve ter levado agora a viola.”
O delegado Falcão coçou a cabeça, pigarreou e chamou mais próximo o “Zé Larápio”:-
“- Zé Larápio”, na verdade você está absolvido por falta de provas. Pode ir embora.”
E o gatuno, coçando a cabeçorra:-
“- Absolvido, Doutor Falcão? Quer dizer então que eu tenho de devolver a viola?...”
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B.Hte., 11/10/15