NOSSOS AILAN KURDI PEDEM REFÚGIO

                              Para o texto: REFUGIADOS EM SEUS SONHOS (T5410907)
                              De: Gilson Borges Corrêa

Não estamos distantes da Turquia, nem da Síria.  Nossos Ailan Kurdi, aqui no Brasil, dormem nas calçadas e não têm onde se refugiar, porque ali nasceram, ali aprenderam a andar, falar e mendigar. Muitos deles perdidos dos pais ou dos irmãos, noutros "mares".  Vítimas do nosso preconceito torpe, suas praias são os semáforos nos cruzamentos das ruas, onde aprendem, uns com os outros, entre outras coisas, habilidades de equilibristas, ou de engolidores de fogo, para sobreviver.  Aí, nos cobram algum centavo pela exibição. Ocorre muito de nada lhes pagarmos, até mesmo por medo de baixar o vidro da porta do carro. 

Incomoda-nos essa sub-raça que tem crescido sob nossos olhares hipócritas. Quantos de nós desejaríamos que uma extensa cerca de arame nos separasse deles?!...  Quantos de nós apelaríamos para que os governos nos protegessem, com suas balas de borracha, gás lacrimogênio, jatos d´água e cassetetes?!...  Quantos de nós repudiaríamos a quem carregasse um deles nos braços, tentando incluí-lo no nosso meio social, na nossa escola, no nosso ambiente, tal como faríamos (talvez só por exibição) com qualquer refugiado branco estrangeiro?!...

Ah, assim não dá!...  Façanha dessa tamanha só dará IBOPE quando todos os nossos Ailan Kurdi estiverem mortos.