SEM ARMAS - SEM CARROS

Outro dia eu estava confinado numa sala de espera, pois sempre gosto de chegar cedo, para não correr riscos de atraso, meio confuso?

Nestas salas as cadeira são disputadas na boa vontade ou na fisionomia de dor. Eu já entro mancando e meio torto.

Logo alguém puxa um papo, destes que desembocam na violência. Neste dia comentei que até minha arma tinham me tirado, nem bem fechei a boca e a senhora la do canto saltou:

- E com razão, nós não podemos andar armados, isto só serve para que os bandidos nos matem com nossa própria arma! Não sabes que mais de 50 mil pessoas são assassinadas por ano no Brasil?

Putz, fiquei sem argumentos, não havia como discutir, ela já veio meio enfurecida.

O negócio era amenizar, então disse que devíamos tirar todos os carros particulares das ruas deixando somente os de transporte de cargas e coletivos, para também reduzir a violência!

Ela mediu-me e disse que não estava entendendo porque eu estava misturando assassinatos com mortes no trânsito.

Senhora, para quem morre e seus familiares não importa se o homicídio é doloso ou culposo, se morre com uma facada, um tiro, com a cabeça esmagada pelo rodado de um carro, ou atropelada, disse eu e antes que ela se recuperasse complementei:

- Se morrem mais de 50 mil assassinadas, no trânsito são quase 50 mil, um empate técnico. Se me tiraram a arma, pensando na probabilidade de que ela fosse parar na mão de um bandido também poderiam tirar-lhe o carro, pois quem saberá se um dia atropelarás alguém? - sorrateiramente ela colocou uma mão sobre a outra, escondendo a chave que estava à vista.

Silêncio, ainda bem que não tardou e ela foi chamada.

ItamarCastro
Enviado por ItamarCastro em 10/10/2015
Reeditado em 12/10/2015
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