RITA DE CÁSSIA MONTENEGRO, A PROFESSORA MESTRA!
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Por que escrever uma crônica e destacar a professora Rita de Cássia Montenegro se durante o curso de Serviço Social, a turma teve outras excelentes professoras no período de 1991/95? A professora e mestra advogada e também procuradora do Município de Manaus, não está mais presente entre nós: faleceu e não pude me despedir de seu corpo inerte, no caixão; há muito, aboli de minha vida velórios e enterros porque vivo quero ser lembrado ao morrer!
Rita de Cassia era devota da Santa Padroeira de Belém e, muito religiosa, não faltava a uma única festa do Sírio de Nazaré, do Pará, no mês de setembro. Mistura em uma mesma viagem, fé, crendices e dietas que fazia. Sempre que retornava, se apresentava mais elegante, falava de nova dieta que tinha iniciado e perguntava a opinião das alunas. Durante suas provas, mandava os alunos colocarem as bolsas no chão, na frente e só podiam pegá-las quando terminassem a prova. Não queria ser incomodada com chamadas de celular, ainda no início de sua existência, explicava quando questionada sobre sua decisão. Durante os cinco anos de curso, a turma enfrentou greves de professores e do pessoal administrativo. Sinto saudades de todas as excelentes professoras. Mas hoje,, 10/10/2015, ao ver pela TV a religiosidade e fé do povo em relação à Padroeira de Belém, senti saudades de Rita de Cássia Montenegro.
Sempre que a encontrava em eventos promovidos pelo CRESS/AM/RR, sob a presidência da professora Cecília Freitas, brincava explicando-lhe que havia sido escolhida para ministrar a “Aula da Saudade” da turma pela “saudades das aulas que ela deixou de dar” por viajar sempre e repor as aulas depois. Outros professores repunham aulas em razão de greves por melhores salários e melhores condição de trabalho. Em um trote que passei em uma turma em 1992, me apresentei à turma de calouros como professor de metodologia. Fui rígido com as colegas que de propósito chegavam atrasadas, não as deixava entrar. Justificavam que o ônibus havia atrasado. “Saia mais cedo de casa da próxima vez porque em minha aula, ninguém entra atrasado”, Às alunas assustadas com o rigor falavan baixo entre elas: “que professor chato, radical, ridículo. Não sabe que o ônibus atrasa mesmo!. Só porque ele tem carro e não pega ônibus”. Fiz um libelo falando mal da Ufam, pedi para que doassem dinheiro para comprar material, rezar um “pai nosso” pela melhoria das condições de trabalho Mandei uma “colega-aluna”, apagar um cigarro que propositalmente acendera em sala para não contaminar o pulmão dos que não fumavam. Ela não disse que o cigarro era dela e que não apagaria. A coloquei para fora de sala para rumar no corredor. Tudo combinado, previamente. Quando o professor da disciplina entrou em sala, pedi que o aplaudissem e o apresentei, pedi a lista de doações e devolvi o dinheiro doado “para a compra de material”.
Durante as inúmeras greves na Ufam, de professores ou pessoal administrativo, sempre Governo acenava com salário reivindicado ou próximo a isso, a greve era paralisada, novos calendários feitos, aulas respostas. Durante os cinco anos, a turma quase não teve férias. Só recessos de final de ano, no máximo 15 dias. Acostumada com essa rotina de greve e paralisação e, reposições, a turma se acostumou. Elaborei o trote saudável às colegas em razão disso. Na época, usava apenas um bigode e parecia s um professor mesmo, rígido e chato, que me tornei depois, mas sem essas duas características. O trote saudável, sem violência, bebida ou morte, foi divertido e saudável. Poderia ser usado em outras universidades.
Da pasta preta, retirei toda minha história de vida. Procurei identificar nomes das professoras no Curso. Não existia nada sobre essa informação. Feliz, passei a observar outras informações do histórico da Universidade Federal do Amazonas: dos 194 exigidos, obtive 198. Li que o curso foi reconhecido pelo Decreto 41463, em 7/05/57 e publicado no Diário Oficial da União, no dia seguinte. Também li que foi José Geraldo Bandeira Correa, diretor da Divisão de Registro e Controle, quem assinou o Histórico Escolar que guardo com carinho. A minha matrícula no curso era 914440-9. Conclui o curso de magistério no Instituto de Educação do Amazonas em 1979 e no mesmo ano iniciei o curso de Comunicação Social, na Ufam. Os conhecimentos, adquiridos, todos em colégios públicos, ainda fresquinhos na memória, me foram suficientes para o ingresso via vestibular.
Lembrei das professoras se destacavam por razões diferentes: Marines, pela beleza exótica, com cabelo grande e cacheado que usava como marca registrada e, ainda, muito jovem: Iraildes Caldas, pela concentração, ética e competência que impunha, Heloisa Helena, pela mesma razão Terezinha Praia, de uma competência e conhecimento incontestável da matéria, que me presenteou ao final do curso com três exemplares da “Trilogia do Fogo”, de Eduardo Galeano; Luiz Almir, de Ciência Política, com quem fazia prova oral quando retornava das constantes viagens que fazia na Região Norte, como j Técnico do Regional Norte do SEST/SENAT. Socorro Chaves, chefe do Departamento, Nelson, pde Filosofia, com quem aprendi que, como dizia Eráclito de Éfeso, “que ninguém se banha duas vezes na água de um mesmo rio,”, ou porque a água em movimento não seria a mesma e nem a pessoa seria igual à primeira vez que se banhara nas águas do rio. Durante todo o curso, a turma teve uma carga horária que me levou a pensar e concluir que do primeiro ao até o 5o período, subimos uma escada e no 6,7 e 8, descemos a mesma escada. O nome de todos os professores consigo lembrar, porque foram muitos.
Contudo, da professora de Serviço Social mestra Rita de Cássia Montenegro lembrei com saudades ao ver que ela misturava religiosidade, crendice, superstições e muita dieta. Acho que sua morte repentina tenha sido causada pelas malucas a que se submetia. Cada vez que voltava de Belém, sempre com cabelo louro, liso e sorrindo, dizia que tinha descoberto uma dieta nova e ensinava a quem desejasse saber também. Fizera dieta da lua, da água e diversas outras. Porém, uma vez, ao entrar em sala usando uma bolsa vermelha, saia preta e muito feliz, perguntou, como sempre era seu costume:
- Que tal estou?
- Professora, a senhora está parecendo uma puta, respondeu a colega Rosa Ney Ramos de Assis, que se dizia que já ter sido Cardoso, mas que não queria mais saber de ninguém em sua vida. Todos riram da resposta, inclusive a professora, que ficou meio sem graça com a resposta, mas sabia que a Rosa Ney, o que pensava, respondia na hora. Era sua principalmente característica: a sinceridade.
Saudades e lembranças que me fazem viajar ao passado, mesmo sem usar máquina do tempo. E precisa? É só ver documentos antigos que se volta a reviver tudo de novo!