O gato e o violinista
Faltava-lhe jeito, faltava-lhe talento, sobrava-lhe resignação, sobrava-lhe obediência, e sobrava-lhe, também, um violino, que atenderia os sonhos da mãe em ver o filho tocando um violino.
Pedras se chocando; fricções causadas por “encontro” de metais; lamúria de galhos se roçando em vendavais; gritos de pessoas caindo, após um escorregão; ensaios de revolução; foram articuladores, daquela partitura, que, com certeza, foi algo partido, nunca partitura.
Tocando violino ele desafinava os passarinhso que abrem a manhã; mudou o (de)sarranjo do canto do galo; muitos trabalhadores saiam de casa, antes que ele começasse o ensaio, sim ele fez com que o horário de verão chegasse mais cedo.
Um gato, em noite de vigília, ouviu o ruído, do qual deveria ter fugido, mas, por ter a mente tomada pela volúpia, do som se enamorou. Nem eram de Goiás, mas uma parceria ali se firmava, montada em derrapagens, em desarranjos,guinados, frenagens, e poesias de estivadores; estava se montando o caos.
Erro, ao chamar aquilo de Inferno de Dante, quando o correto seria chamar o período anterior de “O Paraíso de Antes”. Sim, todo o ruído que antecedeu ao menino tocando violino poderia ser chamado de SINFONIA, a aprendizagem do garoto deu o sinal de partida para O DESASTRE ECOLÓGICO; e que o prefixo ECO, de ecológico seja entendido como...um acidente da reflexão do som.
Assentado em alicerce tão ruidoso, o romance não foi muito além, afinal só teve início, uma vez que, os ouvidos envolidos pertenciam a “ouvidos de mercadores” O menino tocava, barganhando com o sonho da mãe, o gato emitia ruídos, barganhando com sonhos da libido, e o mundo pagou por aquele comércio, com um epidêmico romper de tímpanos.
Os sonhos maternais mais puros, somados à sexualidade mais apurada, ainda que tenham, como batuta orientadora, um STRADIVARIUS, nunca conseguirão, sequer, um PARABÉNS A VOCÊ