RUÍDOS DA MINHA RUA

Hoje eu acordei mais cedo. Não saltei da cama como de costume. Fiquei deitada, olhos no teto do quarto e ouvido ligado nos ruídos da rua.

Sim, ouvido ligado, porque esta rua é abençoada com variados sons. Um pequenino festival da Natureza em palco de asfalto.

Depois de alguns segundos de escuta, percebi a presença de um pássaro novo no pedaço. Tem um canto diferente e, na escala musical, passa por todas as notas, dando ênfase à nota mi. Apurei o ouvido. Agora o canto está mais alto. É um chamamento com resposta. Fiquei me perguntando: - Será uma declaração de amor?

Depois entrou no ar um cricri, meu velho conhecido, dos grilos da minha infância, tão longe... o gritinho dos morcegos, voando às cegas, o latido de um cão perdido e o lamento de um bichano apaixonado, o seu eterno "rauuuuuuuuul".

Ainda não era a hora dos bem-te-vis. Esses acordam mais tarde, às cinco horas e quinze. Dão seu primeiro grito e os outros pássaros se calam, porque no teatro da Natureza, no palco das árvores eles são astros de primeira grandeza.

Assim é a minha rua. Arborizada, cheia de crianças buliçosas, pássaros, namorados e o gato que continua chamando "rauuuuuuuuuul"...

Depois de um bom tempo, sai da cama. Lembrei-me de que preciso ver os jardins da minha cidade, sentir o perfume do mar em longa caminhada.

Maria Hilda de J. Alão