Prato Feito

Não censuro, respeito as pessoas que são obrigadas a almoçar na rua e, por razões de ordem financeira, comem o prato feito, o popular PF. Eu durante algum tempo fiz parte desse contingente e de vez em quando quando estou na cidade como um PF.

Mas o prato feito que nunca comi e que deploro são as decisões arbitrárias das cúpulas, panelinhas, patotas do poder ou do dinheiro, aquelas ordens de cima para baixo. Se não puder fazer nada, pelo menos discordo, chio, grito, discordo em alto e bom som, engolir de goela abaixo calado, isso não, de jeito nenhum. Acho que aceitar calado não é só conformismo, é covardia, falta de brio. Detesto ver pessoas que ao grito de "ordinario, marche!", marcham de cabeça baixa. Fico com fome mas não como esse prato feito. Protesto, esperneio, grito, faço a minha parte. Jamais vou aderir ao comprtamento manada, se manipulado, osquestrado, teleguiado... Não sou robô e nem marionete. Nem muito menos capacho.

Longe de mim querer ser dono da verdade ou palmatória do mundo. Sou apenas um véio chato, liso e doente, mas sou um homem que preserva a sua opinião. Que não abre mão do que pensa, que não aliena sua consciência. Por isso não faço parte de patidos, clubes sociais, de serviço, organizações secretas que não aceitam mulheres, quaisquer organizações civis ou religiosas, nada. Sou um pobre cavaleiro solitário, um quixote matuto. Sei que sou incoveniente, discordo de todos os lados, da direita, esquerda, vento e de banda.

Mas sou assim, como diz o samba, quem quiser gostar de mim eu sou assim. E priu.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 09/10/2015
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