Mania de ler: marca texto
Quando criança, os livros me eram apresentados como amigos, quase sagrados. Para sua proteção recebiam duas capas: um belo papel de presente, onde se colava etiqueta com nome e endereço, recoberto com plástico transparente. Eram escassos e impecáveis os livros naquele tempo. Conheço quem nunca marque o texto durante a leitura para que os próximos leitores não sejam contaminados com suas preferências. Essa pureza tem valor também para as trocas ou vendas de livros que não iremos reler, e pode ser preservada utilizando-se cadernos ou Blogs para as anotações essenciais, "post its", além das agendas que são vendidas para se fazer diários de aventuras literárias. Se ao iniciar a leitura eu não encontrar uma frase digna de nota, o intruso em minhas prateleiras permanecerá intacto e estará fadado ao abandono. Mas ao me apropriar da história faço marcações a lápis, de cores variadas, grifando nomes de personagens ou lugares, livros e filmes citados, clichês, louvores, palavras para consulta no dicionário. Nessa profanação parece que além de olhos meus livros ganham alma. E você, qual é o seu pretexto?