Perguntas precoces

Acho que todo mundo já se perguntou:

Como é nossa alma?

Ela realmente existe ou é fruto de uma mente brilhante?

Deixo aqui mais dezenas de indagações para confundir a sua (se é

que ela existe):

Que cor ela tem?

Será que ela reluz, reflete o farol dos carros que passam na avenida?

Tem cheiro de comida de mãe, de banho tomado?

É floral, cítrico, refrescante ou doce?

Pode ser personalizada?

É possível enchê-la de botões, fitas, lantejoulas e de broches extravagantes?

Ela tremula atrás de nós como capas de super-heróis ou sua cauda longa arrasta no chão como os vestidos dos casamentos reais?

É grossa como lã, fina como seda?

Macia ou áspera?

Acompanha uma armadura, desbota na primeira lavagem?

Ela carrega música?

Faz algum barulho ao ser entregue a alguém?

Carrega as vozes de quem se ama, de quem se admira?

Pode ser trocada, remendada, atualizada?

Uma alma de boa qualidade pode compensar defeitos?

Pode ser roubada, vendida como um mero objeto decorativo?

Tem vida própria, sai sozinha vagando por aí ou se perde numa das

curvas da vida?

É forte, revela-se facilmente?

Ou é frágil, tímida?

Quando nocauteada, devolve o soco ou se desmonta no chão?

Ela sangra?

Nós, reles mortais cheios de dúvidas, nesse caso, somos como

crianças que perguntam para a mãe como foram geradas: a verdade, de fato, ainda não é hora de saber. É muito cedo.