Bom dia !
      Depois de tantos dias chuvosos e nublados o sol surgiu com toda a sua magestade e brilho. Mas, não podemos nos iludir, a meteriologia já nos alerta para chuvas fortes para os próximos dias. 
      Baseada nestas primeiras informações e pretendendo aproveitar o dia tomei uma decisão!
      - Vou comprar um sapato!
     Adoro sapatos! De qualquer tipo: mocassins, sandálias, botas, tenis, escarpins, desde que não sejam de saltos muito altos - calço o nª 35 e tenho 1.70m, e segundo recomendações médicas não devo abusar dos saltos altos - "pouca base para muita altura" - . Como sempre tive essa tendência à rebeldia e amo saltos altos, já perdi a conta de quantas vezes precisei enfaixar e engessar algum pé.
      Também não gosto de sapato de bico fino. Acho horrível  aqueles bicos pontudos que vão além do teu andar, como se fossem um aríete para agredir quem está próximo. Falando sério: se fores dar um abraço em alguém poderás provocar um grave acidente com o bico do sapato. 
      Chegando ao Calçadão onde estão as lojas com mais variedades de escolha dei uma paradinha  e fiquei olhando o burburinho de gente, prá lá e prá cá. Lentamente fui avançando e me veio na memória uma frase do poema da Florbela Espanca - " Sou aquela que passa e ninguém vê" - O que é uma constatação ao olhar para os rostos que passam. Todo mundo olha, mas ninguém vê. Olham a tua roupa, teu cabelo, teu andar e até teus sapatos, mas não veem nada além do óbvio.
      Tudo bem. Procuro a explicação na falta de conhecimento do outro. O que não é regra também. São raras as pessoas de nossas relações que apesar de estarem horas conversando conosco, apenas nos olham sem nos enxergar de fato.
      Lembrei do filme que vi provavelmente umas dez vezes, "Avatar", que a moça diz simplesmente - "EU VEJO VOCÊ" - e isto basta para o moço compreender a grandiosidade e a profundidade de sentimentos no que ela acabou de dizer, sem necessitar dos corriqueiros jargões "te amo" ou "te quero bem", que já estão banalizados pela falta do VER.
      Introspecções  à parte, cadê  meu sapato?
      Cheguei ao final do Calçadão e não "vi" nenhum que me chamasse a atenção. 
      Dei meia volta e entrei num Sebo me deliciando  com o cheiro de livros velhos. Escolhi um: - A Fortaleza, de Dan Brown - bem baratinho.
      Voltei para casa feliz. Sem meu sapato novo mas cheia de espectativas quanto ao livro apertado debaixo do braço. O sapato iria direto para seu lugar na sapatateira e ficaria lá uma infinidade de tempo, mas o livro me dará alguns dias a mais de imenso prazer. 
      Economizei bastante. Aproveitei a manhã de sol. Valeu pelo passeio.

                              ABRAÇOS - WALDEREZ



Imagem: Calçadão de Rio Grande - RS
               - Google e Jornal Agora.
 
 
WALDEREZ SEVERO SMIDT
Enviado por WALDEREZ SEVERO SMIDT em 06/10/2015
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