B r i g a s

As pessoas que se amam devem se respeitar e, dentro do possível, evitar desentendimentos.

No entanto, como o ser humano não é um autômato (Graças a Deus!), as brigas entre os casais acontecem naturalmente por um motivo muito simples: o homem e a mulher estão sujeitos às emoções.

Quando um casal, composto quase sempre por um chato de galochas e por uma santinha do pau ôco, afirmar que não brigam, de duas, uma: ou são mentirosos de berço ou o amor entre eles já foi pro brrejo há long long time.

O amor, hermanos, não é burocrático, não é uma repartição púbica onde se bate cartão ou se assina ponto e pronto. O relacionamento a dois sofre interferências do sistema nervoso de cada um. Tem mais: o tempero do amor é o ciúme. Quando inexiste o ciúme é porque o amor já era, foi há muito tempo pro beleléu.

E o ciúmer é o combustível das "brigas", daquelas brigas de que fala o samba-canção antológico de Jair Amorim e Evaldo Gouveia, imortalizado pela voz de Altemar Dutra (o cantor disse que gostaria de ser lembrado por essa música).

Vou mais longe na defesa das brigas positivas, não riam, porque elas são necessárias, importantes, fundamentais para esquentar os relacionamentos. Vejam bem, as brigas que defendo não têm nada a ver com agressão física. Refiro-me àquelas discussões veementes, aqueles ciúmes incríveis que acontecem e que, no fim, ensejam uma reconciliação deliciosa, estão ligados?

Hoje não se briga mais como antigamente. Qualquer desentendimento evolui para a separação definitiva, e redunda em divórcio. Os amores de hoje prescindem do romantismo e da reconcialiação. Não são como os do passado, quando uma briga gerava algo bem sensual.

Eu sei que alguns estão rindo, pensando que é gozação. Não é. Vou fazer uma pergunta: quem nunca brigou com quem ama? Quem não se lembra como foi bom a reconciliação? A música censura as brigas, mas se interpretarmos com atenção concluiremos que é justamente o contrárioo. Quandoela diz, no começo, "Veja só que tolice de nõs dois brigarmos tanto assim se depois vamos nós trocar de bem no fim...", ela está dando o mote de que é delicioso fazer as pazes naquela base, tão ligados? Agora concordo com o verso que adverte: "Para que maltratar o amor, o amor não se maltrata não....", e vai adiante falando na opinião pública, das pessoas que torcem pela nossa desunião. Mas fica claro que a música foi feita para inspirar e defender a reconciliação.

No mais, é uma delícia brigar e depois tratar da reconciliação, sempre ouvindo a música: "Veja só que tolice de nós dois brigarmos tanto...". Viva as brigas e as reconciliações. E priu.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 06/10/2015
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