João O Caridoso

 
Quem sabe sua historia?
Ele e só mais um “João” andarilho da vida bandida, aquela que não perdoa... Que justamente implacável cobra vintém por vintém de seus devedores.

Ninguém lhe sabe a historia, pois o que importa?
Ele é só mais um “João” que tem como cama o asfalto frio e como teto protetor o céu, somente as estrelas velam seu sono, e seu despertador é a luz do sol, ou alguém que o escorraça da calçada, ou o medo de que a morte venha no silêncio da noite lhe cobrar o ultimo vintém!

João é como um espectro vagante que ninguém vê, mas o repudia pelo odor, pela cor e pelos trapos que veste; ninguém o vê, mas o julga... “ Fez por merecer e por isso seu lar é a rua”.
João sente fome, sente sede... Generosa, a vida lhe põe a frente outros devedores, que pagam seus vinténs aprendendo o que é o amor!

E todos os dias as portas desses devedores se abrem e então João com dignidade pode comer e beber, e depois de um sincero agradecimento segue ele mais uma vez por sua casa, arrastando sua chinela remendada pelo áspero cimento.

Alguém, com amor e boa vontade, mas sem sabedoria, lhe dá uma saca de grãos de arroz cru. João podia vender e com as moedas comprar uma dose ardente, beber e esquecer a miserável vida, mas a gratidão é o sucesso doravante da caridade... A gratidão segue o amor e é a extensão do fio benéfico da compaixão.

João Bate no portão de onde saem as mãos que o alimenta, uma moça que presta serviços na casa o atende:

- Pois não?

- Moça, entregue essa saca de arroz para aquela outra moça grandona e descabelada, diga que ganhei, não tenho onde cozinhar, todos os dias ela me alimenta, penso que esse arroz, não é muito, mas pode ajudar...

João depois de entregar sua doação volta mais uma vez ao mundo, creio que carrega no peito a paz do dever realizado, da caridade exercida, uma chama que queima tão tímida que talvez ele nem perceba.

E assim é o movimento do dar e receber, sem interesses escusos em salvação da alma e lugar garantido na mesa do mestre, só o limpo e singelo exercício do amor que se coloca no lugar do outro e sem julgar o seu destino e suas decisões, sente suas tristezas e sente o desejo de ameniza-las com um sorriso, uma gentileza... Sente o frio e lhe dá um cobertor... Em seu lugar sente a dor da fome corroendo o estomago e o alimenta... Sem pensar em galardões, ajuda por vontade e não por exercício de doutrinas ou crenças... Somente o puro e fraterno amor sem condição! A verdadeira caridade!
Energia que renova a alma e espírito, a mão de quem dá e de quem recebe...
Energia que é muito mais que o pão que alimenta somente a carne!


Mas agora eu pergunto aos caridosos trabalhadores da seara do mestre, muitos que se intitulam missionários, que sanam dores e matam a fome, que consola com palavras e com ensinamentos de Jesus, e ao olhar-se no espelho percebem-se verdadeiros cristãos e dormem na paz reconfortante da felicidade pós vida, ou morte, como preferirem: O que seriam de vós se não fossem os “irmãozinhos” necessitados?
São os desvalidos os verdadeiros missionários desse mundo, pois necessidade de acerto tem aqueles que muito erraram... E a necessidade do semelhante nasce de nossa necessidade em acertar!

Ai dos que necessitam aprender a amar se não fossem aqueles que nascem desprovidos e carentes de cuidados e amor!
Ai da caridade se não fosse a miséria!
Ai do amor se não fosse o ódio!
Ai da evolução se não fosse o choro do órfão!
Se não fosse a oração do pecador do que valeria a energia do perdão? Pela própria lei do universo seria dispensada...

A verdadeira caridade vem das mãos de quem precisa da caridade, pois se não fossem os desvalidos como os seres desenvolveriam o amor e a capacidade de se por no lugar do semelhante e aprender a caridade nobre, humilde e pura?
Não porque Jesus mandou e o mundo julga bonito, mas simplesmente por amor de se ver existindo em todos os homens do planeta!

E só para critério de informação, João é Francisco, Um Chico que não é visto, mas que não deixa de ser da luz um brilho!

Thoreserc em frequência Tetragrammatom transmitindo a sabedoria do Sol
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 06/10/2015
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