Comentário para texto "Limite da agonia. Sustento da fé", do amigo Nelson
Comentário para texto "Limite da agonia. Sustento da fé", do amigo Nelson.
Prezado Nelson, movido pelo conteúdo do seu brilhante texto fiquei a pensar sobre publicação histórica que me chegou esses dias, como que por magia, me atrevo a dizer e, logo nas primeiras páginas, veio a idéia de tecer o comentário, que no fim de contas está mais para uma reflexão embasada em leituras, a vossa e de outros autores.
O Livro do Tombo da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas, com data supostamente anterior a setembro de 1772, entre tantas relíquias inclui uma petição para a diocese de São Paulo:
"Dizem os inclusos assinados existentes nos limites entre Jundiaí e Mogi-Mirim, que eles, suplicantes, para maior cômodo e bem de suas almas, desejam erigir à sua custa uma capela na paragem chamada Campinas, onde tenham valimento espiritual, se não sempre, ao menos em várias ocasiões que por ali se acharem sacerdotes; o que também justifica, se achar na mesma paragem, um cemitério bento para sepultura dos fiéis".
O vigário de Jundiaí, a quem a petição fora enviada, lembra que a área, "ainda que um tanto deserta" era constituída de pessoas "as mais delas pobríssimas".
Em 1773, o governador do Bispado concede licença para construção da igreja, atento para que os "suplicantes pudessem ser socorridos com os sacramentos....".
Censo da época dá conta de "sessenta e uma famílias com trezentos e cinquenta e sete pessoas de confissão" e outros relatos apontam "por cuja razão viviam tão aflitos, desconsolados, que muitas vezes sucedeu alcançarem licença para serem desobrigados em seus próprios sítios dos preceitos quaresmais....".
Ora, o que buscavam as 357 almas? O LIMITE DA AGONIA. Mas em hipótese alguma insiro no contexto que a agonia deles era material. De modo algum. Tratava-se, isso sim, da ânsia do Religar. De fato não tinham penicilina, internet, duchas quentes, calmantes, TV a cabo, ar condicionado, fast food, etc. Não tinham dinheiro. A igreja foi construída de taipas e pilão.
Aquelas pessoas se encontravam ainda distantes de uma etapa de consciência capaz de lidar com os modos espirituais avançados do séc. XXI, tais como "processo de manifestação", "ancoramento de energia", "criação de vórtices", sem mencionar um dos principais mandamentos do ETERNO AGORA: acreditar que você é digno de receber.
Mesmo sem avanços tecnológicos e conceitos sofisticados sobre o invisível, os primeiros temporais, os segundos atemporais, a convicção daquela comunidade obteve êxito e a primeira missa ocorreu em 14 de julho de 1774, a propósito, data oficial da fundação de Campinas.
Hierofantes de qualquer tempo sublinham que a ausência da ação não
logra manifestação.
Naquele tempo dizia-se: a fé sem obras é morta.
Daquela dia até hoje comprova-se O SUSTENTO DA FÉ, de que trata exemplarmente o vosso texto. De onde ela vem e quem é o seu autor, desnecessário dizer.
Grande abraço
Bernard
(Imagem: Matriz de Nossa Senhora da Conceição futura Catedral de Campinas, em 1880. Fonte- Arquivo fotográfico do Museu da Imagem e do Som de Campinas.)
Comentário para texto "Limite da agonia. Sustento da fé", do amigo Nelson.
Prezado Nelson, movido pelo conteúdo do seu brilhante texto fiquei a pensar sobre publicação histórica que me chegou esses dias, como que por magia, me atrevo a dizer e, logo nas primeiras páginas, veio a idéia de tecer o comentário, que no fim de contas está mais para uma reflexão embasada em leituras, a vossa e de outros autores.
O Livro do Tombo da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas, com data supostamente anterior a setembro de 1772, entre tantas relíquias inclui uma petição para a diocese de São Paulo:
"Dizem os inclusos assinados existentes nos limites entre Jundiaí e Mogi-Mirim, que eles, suplicantes, para maior cômodo e bem de suas almas, desejam erigir à sua custa uma capela na paragem chamada Campinas, onde tenham valimento espiritual, se não sempre, ao menos em várias ocasiões que por ali se acharem sacerdotes; o que também justifica, se achar na mesma paragem, um cemitério bento para sepultura dos fiéis".
O vigário de Jundiaí, a quem a petição fora enviada, lembra que a área, "ainda que um tanto deserta" era constituída de pessoas "as mais delas pobríssimas".
Em 1773, o governador do Bispado concede licença para construção da igreja, atento para que os "suplicantes pudessem ser socorridos com os sacramentos....".
Censo da época dá conta de "sessenta e uma famílias com trezentos e cinquenta e sete pessoas de confissão" e outros relatos apontam "por cuja razão viviam tão aflitos, desconsolados, que muitas vezes sucedeu alcançarem licença para serem desobrigados em seus próprios sítios dos preceitos quaresmais....".
Ora, o que buscavam as 357 almas? O LIMITE DA AGONIA. Mas em hipótese alguma insiro no contexto que a agonia deles era material. De modo algum. Tratava-se, isso sim, da ânsia do Religar. De fato não tinham penicilina, internet, duchas quentes, calmantes, TV a cabo, ar condicionado, fast food, etc. Não tinham dinheiro. A igreja foi construída de taipas e pilão.
Aquelas pessoas se encontravam ainda distantes de uma etapa de consciência capaz de lidar com os modos espirituais avançados do séc. XXI, tais como "processo de manifestação", "ancoramento de energia", "criação de vórtices", sem mencionar um dos principais mandamentos do ETERNO AGORA: acreditar que você é digno de receber.
Mesmo sem avanços tecnológicos e conceitos sofisticados sobre o invisível, os primeiros temporais, os segundos atemporais, a convicção daquela comunidade obteve êxito e a primeira missa ocorreu em 14 de julho de 1774, a propósito, data oficial da fundação de Campinas.
Hierofantes de qualquer tempo sublinham que a ausência da ação não
logra manifestação.
Naquele tempo dizia-se: a fé sem obras é morta.
Daquela dia até hoje comprova-se O SUSTENTO DA FÉ, de que trata exemplarmente o vosso texto. De onde ela vem e quem é o seu autor, desnecessário dizer.
Grande abraço
Bernard
(Imagem: Matriz de Nossa Senhora da Conceição futura Catedral de Campinas, em 1880. Fonte- Arquivo fotográfico do Museu da Imagem e do Som de Campinas.)