Página em branco
Numa rua de linóleo, um moço de meia-idade fuma seu cigarro apagado.
Estava tentando matar uma dor agradável.
Numa mansão de um cômodo, a brisa nasce de um quadro na parede.
Atravessa a sala, ainda suja de tinta á óleo.
No canto daquele cômodo havia um vaso com margaridas eletrizantes.
Uma cochichou alto:
- Hoje começou mais uma guerra em busca da paz. Vi crianças com armas na mão.
E, numa outra esquina, sobre a grama de concreto, encontra-se uma indústria.
Ontem uma máquina foi substituída por um homem.
Anoiteceu claro.
Amanheceu escuro.
Um adolescente grisalho toca seu violão sem corda.
Um analfabeto, no ponto de ônibus, lê um livro de capa azul.
Uma nuvem escura veio trazer o sol.
O sol chegou, o povo foi dormir.
Disseram boa-noite gritando.