Livre

Estiagem, campos secos, sementes enfurnadas, esperando a primavera, deixavam os animais selvagens com uma baixa receita, não esquálidos, mas com as vértebras demarcando degraus nos dorsos, registravam a propriedade daqueles corceis...a natureza. Corriam pelos prados, sem rumo, sem horário, como se correr os fizessem felizes.

Em algum lugar haveria água, a abundância, ou não, era aferida pelo tempo, para os cavalos não havia metereologia, ou estava chovendo, ou não estava chovendo, simples assim.

Eventualmente cruzavam com animais criados em baias, com feno armazenado, e água que “brotava” de poços artesianos, tinham seu peso rigorosamente controlado, horários britânicos a serem cumpridos, e, diariamente, encilhados, e colocados a cumprir traçados e saltar barreiras, engenhosamente colocadas; eles corriam em pistas retas, sem buracos que pudessem oferecer riscos,

e esporas cutucavam suas barrigas, acoites “estimuladores” lhe davam mais velocidade, disputavam raias entre si. Não saltavam cupins, não mudavam de direção, não sentiam o carinho do vento, à noite, nem o castigo da tempestade, quando ela acontecia; não gozavam da companhia das crias, nem sabiam ser solidários, não gozavam das pastagens.

O sol, as intempéries, o vento, as parcerias, as crias ao lado, e as disputas ditadas pela vida selvagem contavam aos animais, de forma imperceptível , para os humanos, e redundante, para os cavalos, que no confinamento não existe a liberdade, que corre solta nas pradarias

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 04/10/2015
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