CRÔNICAS DE TERESINA – A FEITICEIRA DO AMOR (5)

Maranhense de Matões, Geraldo Borges , 67, mudou-se com a família ainda menino para Teresina e, atualmente, reside em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Recentemente, tivemos o prazer de reencontrá-lo, após quase 20 anos, como nosso hóspede em São Luís.

A literatura foi o centro de nossas conversas. É um escritor que se distingue de muitos outros pelo seu estilo de vida simples, ocultista, eremita monjeano, de pouca visibilidade. Cultiva, como poucos, um profundo amor pela ficção, poesia, crônica. Autor de 15 livros, tem apenas uma brochura publicada pela Academia Piauiense de Letras (TIRO DE MISERICÓRDIA}. É um livro pequeno igual a um frasco contendo o perfume dos reis magos, tal a beleza de seus contos.

Colaborou como contista na Revista PRESENÇA, do Conselho Estadual de Cultura do Piauí, no Jornal ATOS E FATOS, de São Luís, e em Jornais de São Gabriel em Mato Grosso do Sul.Longe do mercado editorial que torna famosos e financeiramente remediados escritores brasileiros e estrangeiros, ele escreve por uma compulsão extremamente carnal, óssea e sanguinea. A sua energia fisiológica e mental é consumida fundamentalmente na sua própria oficina literária sem CNPJ e muito menos inscrição estadual e cadastro na receita federal. Diria até que é um escritor revolucionário, seu estigmas que o vocábulo contém nem as mitificações e mistificações.

.Aos 13 anos, Geraldo Borges escreveu o primeiro trabalho: um poema longo, extraviado na poeira cósmica do tempo. Em 1961, ganhou o prêmio literário”Dom Avelar Brandão Vilela”, promovido pela União dos Estudantes Secundaristas (UPES).Suas primeiras leituras na adolescência foram José de Alencar, Machado de Assis, Casimiro de Abreu, Jorge Amado.

Hoje, um estudioso veterano da ficção, lá se vão mais de 50 anos de olhos pregados nos livros, é um erudito como leitor autodidata dos clássicos da literatura universal. De uma lista de obras de escritores imortais, elaborada por uma professora da área, para avaliar o grau de conhecimentos em termos de erudição, Geraldo Borges, que é graduado em História, só deixou de alcançar a nota máxima, porque apenas não leu dois livros, listados ali, leu, releu e tresleu romancistas e contistas recenseados como clássicos. Cita os autores que mais leu : Sthandal ( “ O Vermelho e o Negro”), Flaubert (Madame Bovary”), Hemingway (“O Velho e o Mar”), Herman Ville (“Mobi Dick”) e Dostoiewisk (“ Crime e Castigo” ).

Conhece a fundo os escritores brasileiros Graciliano Ramos, Machado de Assis e Lima Barreto. Diz Geraldo Borges: “ Escrever para ganhar dinheiro, ser um autor profissional entre aspas é um desvio de rota do fazer literário, que está subordinado à inspiração, com domínio técnico do romance e do conto”.E acrescenta : “ Não vale a pena me comprometer com a editora. Hoje é fácil ganhar dinheiro com literatura, Basta escrever livros de auto ajuda.”.

samuel filho
Enviado por samuel filho em 03/10/2015
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