DISCIPLINA.

Sou um indisciplinado com o que me incomoda. Mas guardo hoje os freios da responsabilidade e da caminhada sem impulsos agigantados. E não enfrento moinhos de vento. Por quê? Por ser um impulsivo, temperamental, de certa forma controlado o temperamento.

Sendo o tempo o senhor da razão, e o único elemento intocável que assiste o decurso de tudo que outras razões possa ter, quem desafiar seu curso irá se exaurir antes do próprio tempo, sempre absoluto.

O que me incomoda e desborda do comum e desejável em condutas e atos me transforma, mas já pude anos atrás controlar esse temperamento sanguíneo. Mas perduram os traços de nada poder ver de injustiça sob meus olhos, seja onde for, estando presencial, sem reação incontinenti. Isto é perigoso. A meditação retira esse perfil e recata a ação, que se torna mais harmoniosa.

O sanguíneo é um ansioso, não deixa nada por fazer, o que pode esperar é feito antes. É o previdente maior que a previdência. Isso, contudo, faz cumprir obrigações antes dos prazos, nada devendo no trabalho, com familiares, com todo sentido obrigacional. É um mérito? Mais ou menos, o tal relax, que não seja tanto que traga abusos para necessidades ocorrentes e de você dependentes, é um bom auxiliar da biologia.

É preciso apenas viver o mesmo dia sempre, e não precipitar o futuro para o agora, tudo querendo resolver ANTES.

"Eu preciso deixar que aconteçam as coisas que precisam acontecer"., diga sempre. Somos diferentes a cada novo dia, com nosso patrimônio existencial de sermos assim ou de outra forma mudados.

Não podemos planejar nada de importante, só coisas comuns.

Viver apenas o dia atual, sem antecipar os outros e o que ocorrerá neles.

Soa estranho, é estranho. Disciplina, hábito, costume, necessidade, ansiedade.

Vive-se uma vida de disciplina e quando se determina resolvê-la para sobrevivência, resolve-se. Perguntaram uma vez ao meu pai em entrevista que tenho guardada, quando era uma das mais altas autoridades do Estado, qual conselho daria aos jovens, disse: “Que tenha um ideal e o alimente com todas as forças, não enfraqueça em sua busca e ele se tornará realidade.” Foi o que fiz ele já desaparecido.

Todos vivemos para sobreviver, mas nada que fiz que se tornou importante para mim foi planejado. Foi acontecendo, e de forma marcante e inusitada.

Planejar importâncias ou querê-las acaba em pequenas coisas. Incrível e verdadeiro. A ideia de criar acontece, Dubuffet notável arquiteto francês, afirmava que sua arte e a arte em geral acontece sem esperar, sem planejamentos. Trata-se do espírito livre.

Precisamos de disciplina, mas fui muito feliz na indisciplina quando jovem, farrista sem medidas, como um saltimbanco de multiplicadas aventuras. Na disciplina razoável aconteceu sem planejamento o que de mais importante se acercou de minha vida.