Jabutis em árvores (parte 2)
O casco do jabuti tem estrutura para suportar pequenas árvores tombadas. Aguardar uma breve ou demorada decomposição de um arbusto derrubado. Talvez por uma tempestade ou por infestação de cupins, diversas podem ser as causas da queda de uma árvore. Enquanto o tempo da libertação não chega, vai se alimentando com formigas que passam ao seu redor, de caramujos que transitam ao seu alcance, ou de folhas que caem.
Pois o jabuti pode esperar até que as composições físicas, químicas e biológicas do vegetal se modifiquem, e tornem a árvore mais leve. Permitindo assim ao jabuti se desvencilhar do peso que suportava, sobre o casco. A força que o impedia de caminhar. Composições e decomposições que podem ser aceleradas e modificadas. Com períodos e alternâncias de chuvas e de Sol, quente e frio, baixa umidade e alta umidade no ar. Ou mesmo com uma participação insetívora roendo ou dilacerando o tronco. Insetos instalados na árvore tombada podem atrair animais insetívoros que vão de alguma maneira ajudar a dilacerar mais o vegetal, facilitando e acelerando, um processo de decomposição e transformação. Na natureza nada se cria; tudo se transforma; inclusive as ideias.
As fabulas infantis trazem exemplos de comportamento. Enquanto uns se comportam como jabutis, outros se comportam como lebres. Enquanto a lebre da fábula correu e chegou mais rápido, o jabuti demorou mais para chegar ao local determinado. Mas que local? O que motivaria um jabuti e uma lebre, irem a um determinado ponto? Quem determinou um momento de partida? Quem determinou uma linha de chegada? Quem determinou que devesse acontecer uma corrida entre dois animais totalmente diferentes? Se as pessoas e os animais são diferentes, diferentes serão suas habilidades.
Mas se realmente aconteceu uma corrida entre o jabuti e a lebre. Torna-se evidente que a lebre correria com vantagens. Chegaria antes do jabuti. E se o jabuti não chegou primeiro, teve tempo e oportunidade de observar as transformações à sua volta, perto e distante. Observou o caminho e a trajetória da lebre.
A lebre só serviu para mostrar que é necessária uma velocidade para chegar a um ponto. E muitos impeliram este comportamento sobre os outros. Impeliram um comportamento de velocidade aos outros. E aliado à velocidade exigiram uma qualidade. Exercer tarefas com velocidade e qualidade, que podiam ser atingidas com foco e determinação. Olhar para o alvo a ser alcançado e com velocidade para chegar ao objetivo.
O jabuti chegou ao mesmo ponto com a experiência de observar tudo o que aconteceu a sua volta. O jabuti que esperou a modificação físico-química; esperou a transformação biológica do tronco sobre a sua carapaça. Enquanto estava
imobilizado pela árvore, alimentos devem ter transitado ao seu alcance. Situações aconteceram diante de seus olhos, perto e distante. Aromas e visões, audições e sensações, provocaram saberes e sabores.
Uma nova fabula foi criada, a fabula da FIFA. Cidades sedes fizeram modificações estruturais na arquitetura urbana. Modificações que as colocariam prontas a disputarem a chegada de turistas e investimentos. Modificações que as diferenciassem de outras cidades, que já disputavam visitas e viagens, turistas e investidores. As cidades sedes começaram um trabalho de modernização e acessibilidade, que não ficaram totalmente prontos para a Copa do Mundo.
As cidades sedes continuam com suas obras de modernização e acessibilidade. Cada cidade sede, pouco melhorou, e ganharam novos concorrentes, com destaques na mídia mundial, as outras cidades sede. E cada cidade sede tem os mesmos problemas, terminar obras e resolver as mesmas questões de modernidade e acessibilidade, com concorrentes em mesma situação, a disputa continua.
Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 20/07/2014