O Sonho
Maurício acordou assustado com o sonho que tivera, levantou-se em um pulo da cama e foi tomar um café para tentar se acalmar. Pegou a xícara de café, sentou na cadeira e resolveu ler o jornal pra distrair um pouco, por coincidência parou na página do horóscopo, passou os olhos no que havia escrito sobre seu signo e ficou mais apavorado com o que leu.
Foi trabalhar, desceu as escadas do prédio em que morava há anos, passou por uma moça que parecia ter sorrido pra ele, mas nem deu atenção, não a conhecia, na verdade Maurício era muito tímido e não conversava com ninguém dali. No serviço alguns perceberam que ele estava estranho, mas não ousaram perguntar o porquê. Porém um amigo o interrogou:
— Porque essa cara? — perguntou o amigo.
— Tive um sonho muito doido.
— O que sonhou?
— Sonhei que eu morri e na...
— Ah mas sonho é sonho, a gente sonha cada coisa.
— Não, acho que é uma premonição, tava muito real e ...
— Você ta acreditando nisso?
— Estou falando com você cara, pelo sonho eu vou morrer e pra completar ainda li o horóscopo hoje e tava dizendo que...
— Aí é demais — falou isso rindo — horóscopo? Acho que você deveria se preocupar com coisas mais sérias, e eu tenho que te falar uma coisa, já estava esquecendo, ontem uma garota pediu o número do seu...
— Diogo depois você fala tenho que trabalhar — falou bravo e saiu com raiva do amigo por não ter dado ideia para o seu sonho.
Acabou o expediente, Maurício foi embora pra casa pensando no sonho e no horóscopo que dizia: "Preste atenção nas coisas ao seu redor, pessoas e situações, ou poderá se arrepender".
Entrou no apartamento, tomou um calmante e foi dormir rezando para que nada acontecesse. Acordou novamente assustado e suando, o relógio marcava 03:00 h da madrugada, foi beber água para tentar-se tranquilizar. De repente ouviu na porta:
TOC TOC TOC
Os toques foram lentos e horripilantes, o coração de Maurício começou a bater acelerado, de olhos arregalados ficou paralisado olhando a porta. Alguns segundos depois, por debaixo da porta um papel branco foi aparecendo lentamente. Nessa hora Maurício quase desmaiou, não tinha dúvida, iria morrer, aquele papel era uma carta avisando-o de algo ruim ou uma ameaça; era aquela noite o seu fim. Ficou estático por um instante, correu para pegar o celular, ia pedir ajuda, mas o celular tocou no momento que iria pegá-lo , era um número que não conhecia, quem me ligaria uma hora dessas? — pensou ele. Não teve dúvidas, era o assassino, começou a tremer, esperou parar de chamar, ligou para a polícia, para os bombeiros, pra todos, ninguém quis vir ao local, imaginaram ser trote. Nesse momento a luz do apartamento acabou, Maurício não pensou duas vezes, pulou a janela do apartamento.
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No dia seguinte todos da cidade comentavam sobre um apagão que ocorrera na noite anterior em alguns bairros. E em um desses bairros, num apartamento a polícia investigava um jovem de 22 anos que se jogara do 23º andar. Durante a perícia encontraram um bilhete que dizia:
"Oi Maurício, sou a garota do apartamento 132, eu gostaria de saber porque nunca olha pra mim, estou sempre te olhando, mas você nunca me dá atenção. Gostaria muito de te conhecer.
OBS: peguei seu telefone com um amigo seu, posso te ligar? Bj, Letícia."