Dilema de uma diretora
E ontem recebi na minha sala, 05 alunos rebeldes trazidos por uma docente. Rosto cansado, ar desanimado, querendo de qualquer jeito registrar o "Boletim de Ocorrências". Eu, na condição de diretora escolar, sou escrivã, defensora/promotora e juíza. Muitas funções na verdade, para um ser de 49kg e de 1,58 m, rs, mas está dando para resistir. Escutei a professora, como sempre. Na verdade, ouço a todos, este é o meu traço característico mais forte. Gosto de escutar, mas do que falar. Nesta condição de ouvinte, aprendo, reflito e avalio. Sou assim e gosto de ser uma eterna ouvinte. É neste momento que observo tudo e a todos. As palavras encantam-me, fico fascinada em meio a um discurso bem elaborado ou até mesmo numa conversa animada onde todos falam com a alma . Alguns interlocutores são grandes artistas, sabem usar cada palavra a seu favor, outros nem tanto. Mas, voltando a minha sala, da direção escolar, vejo os olhares apreensivos dos acusados. Peço licença a professora e começo o sermão. Falo dos valores morais e da missão da escola. Reforço que a escola almeja formar cidadãos, que o país necessita de gente capaz, que possa melhorar o caos que está aí instalado. E que eles são a nossa esperança de um futuro mais feliz. Mas que para isso acontecer, todos têm que dar a sua parcela de contribuição, a Escola, o Professora, a Diretora e os Alunos. Eles começam a mudar o olhar, sinto que mexi com o interior de cada, no final choro emocionada. Eles choram do jeito deles, uns mudam a direção do olhar, outros baixam a cabeça, quem sabe, para esconder a lágrima, afinal, vivemos num país que ensinam as suas crianças, que homem não chora. Então acontece o milagre, todos reconhecem seus erros, pedem desculpas, prometem não mais bater, chutar e nem xingar. Respiro aliviada, deu tudo certo. Pelo menos por hoje. kkkkkkkk, amanhã, sei que tudo poderá se repetir, mas, acredito que água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. E enquanto eu estiver aqui, na direção da Emef Alencar Cardoso, serei a água MOLE. E que Deus nos abençoe.
01.10.2015