Flamengo até morrer!
1. Vou logo dizendo que não sou torcedor do Clube de Regatas do Flamengo. No Rio de Janeiro, sou vascaíno, desde criancinha. E na Bahia, desde que aqui cheguei, idos de 1957, sou Vitória.
2. Portanto, meu estimado leitor, não veja no título desta modesta página uma pública e solene declaração de amor pelo rubro-negro carioca. Por que, então, uma crônica com um título lembrando o valoroso clube de futebol da Gávea?
3. Quando estive no Rio de Janeiro, não faz muito tempo, percorri as estantes da Livraria Travessa, loja do Leblon, a procura de "lançamentos".
4. De repente me vi folheando um livro que me chamou a atenção, mal pus os olhos sobre ele: ABC de José Lins do Rego. De leitura saborosa, ele foi escrito pelo pesquisador do CPDOC, professor Bernardo Borges Buarque de Holanda.
5. É a biografia do nosso Zélins, cronista, memorialista e romancista, nascido no dia 3 de junho de 1901, no Estado de Paraíba, contada de forma leve, em capítulos de A a Z. Comprei-o imediatamente. Mas, somente agora, driblando os livros que estavam à minha espera, consegui chegar à sua última página.
6. O amor incondicional do autor de Menino de Engenho pelo Flamengo, narrado no capítulo L do ABC, surpreendeu-me e me fez digitar esses rabiscos, mostrando que, a exemplo de outros ícones da literatura pátria, o belo escritor paraibano também tinha seu clube de futebol.
7. Rachel de Queiroz, por exemplo, era torcedora do Vasco da Gama e o poeta Coelho Neto, "sumidade das letras na belle époque", torcia, com ostensivo fanatismo, pelo Fluminense. Manuel Bandeira, para agradar o amigo Zé Lins, beijava a bandeira rubro-negra.
8. A paixão de Zé Lins pelo clube da Gávea era tanta que não escolhia local para defender o seu Flamengo: fazia-o nos estádios e nas ruas, enfrentando, na "porrada", quem ousasse falar mal do Mengão. Houve até quem admitisse, que, em muitas ocasiões, o torcedor José Lins do Rego anulava o literato apreciado e inconfundível.
9. Quando o Flamengo ganhava, em crônicas maravilhosas, ele escrevia: "Podem chorar, porque ainda é o pranto uma das coisas livres neste mundo de Deus..."
E em outro momento de delírio provocado pela vitória do seu Mengo: "Que chorem e chorem muito. Que as lágrimas rolem como no samba, que as lágrimas desçam na face abaixo, como torrente. Mas chorem, Deus gosta dos que derretem suas iras na água salgada que sai do peito..."
10. Escreveu ZéLins: "Há no Flamengo uma grandeza de alma que me atrai. Não é um clube de regatas ou de futebol: é uma instituição nacional."
11. ABC de José Lins do Rego é imperdível.
Indicando esse livro, quero homenagear o flamenguista José Lins do Rego e os meus amigos que optaram pelo Mengo.
Amigos que poderiam ter escolhido torcer pelo Vasco da Gama, como fizeram, entre outros, eu, o Paulo Coelho, João Ubaldo, Rachel de Queiroz e o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Nesta frase, "Não digo que sou um vascaíno doente, pois doente é quem não é vascaíno" Drummond resumiu, com a precisão e a delicadeza de sempre, por que seu coração era cruz-maltino.
1. Vou logo dizendo que não sou torcedor do Clube de Regatas do Flamengo. No Rio de Janeiro, sou vascaíno, desde criancinha. E na Bahia, desde que aqui cheguei, idos de 1957, sou Vitória.
2. Portanto, meu estimado leitor, não veja no título desta modesta página uma pública e solene declaração de amor pelo rubro-negro carioca. Por que, então, uma crônica com um título lembrando o valoroso clube de futebol da Gávea?
3. Quando estive no Rio de Janeiro, não faz muito tempo, percorri as estantes da Livraria Travessa, loja do Leblon, a procura de "lançamentos".
4. De repente me vi folheando um livro que me chamou a atenção, mal pus os olhos sobre ele: ABC de José Lins do Rego. De leitura saborosa, ele foi escrito pelo pesquisador do CPDOC, professor Bernardo Borges Buarque de Holanda.
5. É a biografia do nosso Zélins, cronista, memorialista e romancista, nascido no dia 3 de junho de 1901, no Estado de Paraíba, contada de forma leve, em capítulos de A a Z. Comprei-o imediatamente. Mas, somente agora, driblando os livros que estavam à minha espera, consegui chegar à sua última página.
6. O amor incondicional do autor de Menino de Engenho pelo Flamengo, narrado no capítulo L do ABC, surpreendeu-me e me fez digitar esses rabiscos, mostrando que, a exemplo de outros ícones da literatura pátria, o belo escritor paraibano também tinha seu clube de futebol.
7. Rachel de Queiroz, por exemplo, era torcedora do Vasco da Gama e o poeta Coelho Neto, "sumidade das letras na belle époque", torcia, com ostensivo fanatismo, pelo Fluminense. Manuel Bandeira, para agradar o amigo Zé Lins, beijava a bandeira rubro-negra.
8. A paixão de Zé Lins pelo clube da Gávea era tanta que não escolhia local para defender o seu Flamengo: fazia-o nos estádios e nas ruas, enfrentando, na "porrada", quem ousasse falar mal do Mengão. Houve até quem admitisse, que, em muitas ocasiões, o torcedor José Lins do Rego anulava o literato apreciado e inconfundível.
9. Quando o Flamengo ganhava, em crônicas maravilhosas, ele escrevia: "Podem chorar, porque ainda é o pranto uma das coisas livres neste mundo de Deus..."
E em outro momento de delírio provocado pela vitória do seu Mengo: "Que chorem e chorem muito. Que as lágrimas rolem como no samba, que as lágrimas desçam na face abaixo, como torrente. Mas chorem, Deus gosta dos que derretem suas iras na água salgada que sai do peito..."
10. Escreveu ZéLins: "Há no Flamengo uma grandeza de alma que me atrai. Não é um clube de regatas ou de futebol: é uma instituição nacional."
11. ABC de José Lins do Rego é imperdível.
Indicando esse livro, quero homenagear o flamenguista José Lins do Rego e os meus amigos que optaram pelo Mengo.
Amigos que poderiam ter escolhido torcer pelo Vasco da Gama, como fizeram, entre outros, eu, o Paulo Coelho, João Ubaldo, Rachel de Queiroz e o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Nesta frase, "Não digo que sou um vascaíno doente, pois doente é quem não é vascaíno" Drummond resumiu, com a precisão e a delicadeza de sempre, por que seu coração era cruz-maltino.