Malba Tahan e sua genialidade...
Sarau Literario Piracicabano fez justa homenagem em 22 de Setembro para:Júlio César de Mello e Souza cresceu em uma cidade do interior paulista e se tornou um dos maiores escritores brasileiros. Atuou em diferentes áreas profissionalmente, de carregador de livros até professor de matemática, e teve uma carreira promissora como escritor. Em suas obras utiliza pseudônimos, que serão citados e estudados no decorrer deste trabalho.
Após criar Malba Tahan, Júlio César de Mello e Souza saiu à procura de um espaço para promover a inserção de seu personagem por meio da publicação de seus contos orientais educativos. Foi então ao jornal mais lido do Brasil, denominado
A Noite, falou com seu diretor, o jornalista Irineu Marinho, que o atendeu muito bem, e explicou tudo o que havia “criado”. Ao ler os contos, Marinho gostou muito e pediu a seu secretário, Euricles de Mattos, para que esse trabalho fosse publicado com destaque na primeira página do Jornal. O Título do trabalho seria: Contos das Mil e Uma Noites e os contos seriam precedidos por uma biografia de Malba Tahan; o que os leitores não saberiam é que Malba Tahan era um pseudônimo.
O primeiro livro escrito como Malba Tahan, Contos de Malba Tahan, logo na primeira página, aparece à ilustração de um árabe (de turbante e longas barbas brancas) escrevendo. Assim, durante muitos anos o público acreditou que Malba Tahan fosse esse árabe de longas barbas brancas e turbante. Julio Cesar e Malba Tahan passaram a ser então duas pessoas diferentes, havendo aí uma fusão entre o real e o fictício. Por esse motivo, Julio César de Mello e Sousa foi autorizado pelo Presidente Getúlio Vargas a utilizar livremente o nome Malba Tahan, e esse nome é acrescentado em sua carteira de identidade.
Como Malba Tahan, Júlio César de Mello e Souza escreveu mais ou menos 56 livros a respeito de temas bastante diversificados, tais como: livros de matemática, sobre didática, contos infantis e lendas orientais, moral religiosa, teatro, entre outros!
#‪#‎Em‬ 1941, Mello e Souza narra em uma entrevista o nascimento de Malba Tahan
“O caminho, então, seria tratar de escrever com um pseudônimo estrangeiro. Pensei mais sobre o caso. Qual o pseudônimo a adotar?
Deveria ser um que tivesse todo cunho de realidade. Americano? Mas não. Queria um pseudônimo que se conformasse bem com o caráter dos trabalhos que pretendia escrever... Seria um árabe. - Por quê? - O árabe é homem que faz poesia a propósito de tudo. Suas atitudes sempre são romanescas. Não compreende a vida sem a poesia. Mas o pseudônimo não deveria ser nem masculino e nem feminino. Teria de ser sonoro. Teria de dar a necessária impressão de perfeita autenticidade. Na Escola Normal, havia uma aluna com um sobrenome interessante: "Maria Tahan". Simpatizei-me com esse "Tahan". Perguntei-lhe que queria dizer. "Moleiro" - respondeu-me ela. Fui, dias depois, descobrir num mapa da Arábia, o nome de uma cidade - Malba, aldeia perdida na Arábia Pétrea ... - E nasceu Malba Tahan ... - Que, como vê, pode ser traduzido por "moleiro de Malba". Comecei, então, a estudar a civilização árabe. Li Gustavo Le Bon, comprei o Alcorão, numa edição comentada, percorri as obras de Massoudi. Tomei um professor de árabe: o dr. Jean Achar. Tempos depois, quando já havia me enfronhado nas coisas do Oriente, procurei Irineu Marinho, há esse tempo, um dos diretores de A Noite. Apresentei-lhe uns trabalhos de Malba Tahan. Disse-lhe que se tratava de um escritor árabe; acentuei que eu apenas havia traduzido alguns de seus trabalhos.”
Ele é famoso no Brasil e no exterior por seus livros de recreação matemática e fábulas/lendas passadas no Oriente, muitas delas publicadas sob o heterônimo/pseudônimo, na qual ficou mais conhecido, de Malba Tahan, ele criou este personagem por acreditar que um escritor brasileiro não chamaria atenção escrevendo contos árabes, e, para dar mais verossimilhança à história, criou também um tradutor para os livros, o Prof. Breno Alencar Bianco Julio.
Julio César ocupou a cadeira número 8 da Academia Pernambucana de Letras. Faleceu em 1974, aos 79 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco.