ATO E POTÊNCIA
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
A fim de explicar mudanças seja na física, na metafísica, na psicologia e até em lógica, o filósofo grego Aristóteles elaborou a teoria do ato e potência. Na verdade, toda mudança é, na sequencia, uma passagem da potência ao ato. E, segundo Aristóteles, isso vale para todos os seres, exceto para um só, Deus, o Ato Puro.
Simplificando e exemplificando, com pedras se pode construir uma calçada rústica, um monumento, uma catedral cujas torres apontem para o céu. No caso, potência são pedras que comumente chamamos de matéria-prima. Por meio dos sons elabora-se a comunicação oral, rotineira, até fofoqueira, como também se pode compor uma sinfonia, uma ópera grandiosa e grandiloquente. Todos nós, inclusive os marmanjos, fomos concebidos a partir da fecundação por uma “sementinha”. Por falar em semente, vejo uma explicação simples dessa teoria aristotélica numa parábola evangélica, a do grão de mostarda. Pois o reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e plantou no seu campo. Na verdade, esse grão é a menor de todas as sementes, mas depois de crescido, torna-se a maior das hortaliças e se faz árvore, de modo que as aves do céu vêm pousar nos seus galhos.
A propósito também, acho que nossos governantes e autoridades deveriam apreender a teoria de potência e ato. Sempre se diz que o Brasil tem enormes possibilidades, mas a saúde não melhora, a educação não evolui, muitas estradas são intransitáveis. Bastaria potencializá-las, tornando-as transitáveis. Até parece que o verso do Hino Nacional, “gigante pela própria natureza”, é tomado ao pé da letra e, se já é gigante, basta. Ainda outro verso, entranhado na nossa cultura, “deitado eternamente em berço esplêndido”, nos deixa acomodados. O Estado de Minas Gerais já foi considerado a caixa d’água do Brasil. E não que até aqui tem faltado água! A conta de luz também passou a ser rubricada, isto é, tornada rubra com a bandeira vermelha. Pode?