Apologia do Caos
Passo dias sem escrever talvez teorizando o Caos, talvez fazendo apologia do caos, comendo vidro. Imaginando a vida de uma forma manhosa e ranheta, na sombra, no úmido, como um vampiro à espreita numa dessas travessas mal iluminadas de uma antiga cidade qualquer do mundo, cheia de mortos-vivos e de hipócritas. Alimentando minha saudade abro os braços sob as estrelas, o céu é caminho pra qualquer lugar basta saber usa-lo a noite onde arde menos a luz, onde a visibilidade é pouca. Já fui um pierot que escreveu uma carta bela e doida a uma naufraga perdida numa ilha qualquer dessa noite estrelada, colocada na garrafa e lançada ao mar a carta retorna e a surpresa ao abri-la é que uma resposta se estampa e a naufraga ali se faz. Já fiquei parado no tempo olhando a janela e nela a garota dourada fazia tranças nos cabelos, a naufraga resgatada pela a essência do amor, e com tudo isso saudade e distância que não impedem os sonhos mais belos.