Deuses, estes inconsequentes!
Deuses, estes inconsequentes!
Há muito ando implicado com Cupido.
Resolvi googlear e posso afirmar que não estou sozinho a queixar das insensatezes do peralta deusinho: "Formosa Vênus, filha do mar e do rei do Olimpo, que ressentimento tens contra nós? Por que deste a vida a tal flagelo, Cupido, o deus feroz, impiedoso, cujo espírito corresponde tão pouco ao encantos que o embelezam? Por que recebeu asas e o poder de lançar setas, a fim de que não pudéssemos safar-nos dos seus terríveis golpes?"(Bíon): http://www.mundodosfilosofos.com.br/cupido.htm#ixzz3mxYxDywy
Tudo isso por causa dos Deuses antigos que tinham o péssimo costume de intrometer na vida dos humanos e distribuir poderes a tortos e a direitos.
A minha implicância com Cupido, seja Eros, Amor, é a sua dimensão infantil, adolescente, que não é capaz de sustentar aquilo que apregoa, a reciprocidade amorosa. Cupido, por ser infante, não sabe que o veneno da sua seta certeira contamina só o coração trespassado, que se inunda de uma sensação indizível de prazer e, ao mesmo tempo, a necessidade terrível do outro.
A encrenca toda é causada pelo desatino do pestinha que atira suas setas indiscriminadamente. É tão desastrado que a si mesmo se feriu: “Cupido chegou bem perto para não ter a chance de errar o alvo .... Se preparou para atirar, esticou o seu arco e quando ia soltar a flecha, Psiquê moveu o braço, e Cupido acertou ele mesmo. A partir daquele instante Cupido ficou perdidamente apaixonado pela jovem”. https://pt.wikipedia.org/wiki/Cupido, vivendo feliz até quando descobriu, que “o amor não pode viver sem confiança”. http://www.anjosnet.com.br/a-historia-do-cupido.
Não fosse a prepotência divinal, Cupido aprenderia que o relacionamento afetivo é sustentado por outras coisas mais, a confiança, da qual ele queixou à amada, a amizade, o companheirismo, o interesse, a consideração, a fidelidade, o respeito.
Quando se tem tudo isso, a poção mágica da sua seta, o amor, floresce, transborda.
Na ausência de tudo isso, o seu veneno, o amor, só traz sofrimento!
João dos Santos Leite
Psicólogo – CRP 04-2674